Quem sou eu

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Santa Cruz do Capibaribe/ Caruaru, NE/PE, Brazil
Posso ser séria, brincalhona, distraída, chata, abusada, legal,ótima, travosa (como diz um grande amigo) isso depende de você, de mim, do dia ou da situação. Quer mesmo saber quem sou eu? Precisa de mais proximidade. Gosto de ler e escrever, embora nem sempre tenha tempo suficiente para tais práticas. Gosto de tanta coisa e de tantas pessoas que não caberiam aqui se a elas fosse me referir uma por uma. Acho a vida um belo espetáculo sem ensaios onde passeamos dia a dia a procura da felicidade. Para falar mais de mim profissionalmente: Sou professora. Graduada em Letras-FAFICA. Atualmente estudo sobre Leitura Literária no Ensino Fundamental. Atuo no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

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sábado, 15 de setembro de 2012

EDUCAÇÃO PARA A VIDA ELISA LUCINDA



ELISA LUCINDA
Não vou cansar de falar do tema enquanto achar necessário: Não há outro propósito na existência de qualquer instituição educativa a não ser a função de educar para a vida. Não bastassem as afinidades do nosso sistema escolar com os cárceres (uniformes, grade curricular, pátios áridos, altos muros, sirene entre as aulas), seu ensino continua estanque, longe do ser humano e esse conceito forma a sociedade. Por isso corremos o risco permanente quando vamos ao médico de joelho, por exemplo, que nos medica com um anti-inflamatório que há de arrasar a flora intestinal, ofender o fígado, para salvar o joelho. É como se o resto do corpo não fosse assunto desse médico, como se um joelho fosse não uma parte, mas um paciente inteiro (por sinal incompleto). Por causa dessa contradição o aluno tem diarréia no dia da prova sobre aparelho digestivo sem saber que na prática a prova já começou. Nele. No corpo dele. Sigo na certeza de que os mais simples conhecimentos da ciência, da medicina, precisam estar na sala de aula. Todo menino deveria aprender a medir a pressão, contar batimento do pulso, saber respiração boca-a-boca, reconhecer a emergência para tirar de uma crise ou salvar seu semelhante e até ele próprio. É dever da escola “ensinar sobre as drogas, explicar cientificamente o que acontece com o cérebro quando usamos cada uma delas: cocaína, crack, álcool,maconha, ecstasy e etc”, diz a minha querida  poeta Roseana Murray.  E” mostrar os dois lados, sem ter medo da verdade”.  Penso que é também dever da escola a interdisciplinaridade entre as matérias porque não há Geografia sem História, nem História sem Biologia, nem Biologia sem Física, nem Física sem Química. Assim como há Matemática na Música e Português na Medicina. Não faz sentido que essas matérias sigam dissociadas feito o joelho e o fígado de um paciente dissecado por uma noção equivocada da saúde e de bem estar da civilização. Da mesma maneira tanto a família quanto a escola se complicam quando o assunto é sexo. Ensinamos aos nossos filhos e alunos os nomes da nossa composição: olho, boca, orelha, nariz. Mas ao chegar na pélvis fica todo mundo gago e com milhões de inexplicáveis apelidos: bumbum, pipi, pintinho, perereca, papica, e um desfilar de adjetivos sem fim cujo o único fim é tapar o sol com a peneira. Por que tanto problema com a sagrada portinha por onde a humanidade entra e sai? Por que há tantos bonecos ainda sem penisinho? Por que tanta preocupação com o ânus se todos os gêneros têm o seu? Coitado do ânus! Tratamo-lo com o mesmo desprezo e preconceito com que tratamos os nossos resíduos urbanos e seus cuidadores. Palavrões continuam a desestruturar e tirar o equilíbrio dos conservadores, porque todos sabemos que o que ralmente assusta a esses senhores é o fundo sexual ao qual todo palavrão remete. O que bebemos e o que comemos será eliminado por nós, mas os orifícios e órgãos responsáveis por esse serviço fundamental para a dinâmica metabólica de nossa saúde não tem glamour nem nobreza e a sexualidade ainda piora sua reputação. É grave. Está resultando numa sociedade cheia de prisão de ventre, preconceitos e contradições aumentando o número de receitas tarja preta. Reparou como tudo está na educação? Reparou que um país que não tiver uma política educacional consistente e consequente para um futuro são,  não se estabelecerá sem a violência e a dificuldade de convivência que continuamos a assistir? O certo é que também a nutrição, como base da saúde está fora da informação escolar.
Felizmente, visionários, competentes profissionais de cada área, sonhadores e artistas de plantão, furam o esquema e mudam o rumo dessa prosa. Esses dias mesmo assistindo a novela “Aquele Beijo”, do Miguel Falabela, mais meus olhos se revelaram atentíssimos à aquela obra em cartaz num horário em que muitos jovens estão com os olhos colados na TV. A personagem Cláudia, vivida pela atriz Geovana Antonelli, em mais uma excelente atuação, diz com a naturalidade e displicência coloquial que o texto pedia:” pera aí que eu vou fazer xixi”. Foi a primeira vez que vi. Em anos de novela jamais vi essa cena. Talvez seja pioneira mesmo na dramaturgia da televisão brasileira, diga-se de passagem, a mais avançada do mundo. Aliás, é raro alguém ir ao banheiro nessas tramas. Raro também é ver alguém lendo um livro, é merchandising de livro dentro da história, uma coisa de tão fácil inserção! É raro  uma biblioteca compondo o ambiente, a não ser como fundo de escuros escritórios. Umas bibliotecas mortas. Aliás, poucas vezes livro é assunto. É Miguel Falabella quem de novo nos socorre. Além de suas poéticas narrativas, vi no mesmo capítulo um personagem adolescente que cita alguma coisa muito bonita, comparando o amor com um rio que sempre volta ao seu leito original, cujo curso ninguém é capaz de impedir ou mudar. Perguntado pelo pai onde aprendera tais bonitos e profundos pensamentos o jovem respondeu com um singelo sorriso: “onde meu pai? ora, onde seria? nos livros, nos livros!”Alô, alô televisão, escola, família, é a vida a matéria da educação. Melhorar o mundo é a sua razão.

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