Escolas
ou presídios?
MENELAU
JUNIOR
A
tecnologia chegou à sala de aula. O governo estadual promete um tablet para
cada aluno - como se isso significasse alguma coisa na aprendizagem. Encantados
com os novos recursos, pais e alunos parecem inebriados diante da onda
tecnológica que tomou conta do país. Mas antes que pensemos que tudo são
maravilhas, façamos uma reflexão sobre um problema que se transformou em
epidemia de fraudes: as "filas".
Não
sejamos hipócritas: todos, um dia, filam - ou filaram. Pode ter sido um
papelzinho com a fórmula de matemática, uma borracha com cálculos de física.
Não importa: "filar" sempre fez parte do universo escolar. Mas o
"crime" fugiu ao controle. Nossos adolescentes se tornaram peritos em
fraudar os sistemas de avaliações - e os celulares e smartphones (e futuramente
os tablets, claro!) se tornaram o principal aliado na tarefa de fazer
professores, fiscais e coordenadores de bobos.
Os
esquemas são tão ardilosos que já incomodam os honestos. Eles se revoltam com
as notas altas de quem nunca estudou. E o que podem fazer as escolas? Algumas
já andam utilizando detectores de metal - como se estivéssemos lidando com
criminosos. Terrível? É, mas necessário. Professores e profissionais da
educação têm de endurecer o jogo contra aqueles que nada estudam - a não ser
novos métodos de obter resultados fraudulentos. Aos pais, cabe também o dever
de apoiar as escolas no combate à fila desenfreada. Nossos jovens precisam ser
orientados sobre os riscos sociais do hábito da desonestidade.
Não estou
aqui falando da "olhadinha de lado" não. Estou me referindo a
mensagens trocadas dentro de sala de aula, a provas fotografadas em celulares,
a gabaritos enviados por alunos que já terminaram a prova. Estou aqui falando
do hábito de ser desonesto, da exaltação da "esperteza", da busca
pela maneira mais fácil de obter o que se quer.
É
lamentável que tenhamos de ser "carrascos" nos dias de provas,
retirando dos alunos todos os seus pertences e, em algumas escolas, tratando-os
como criminosos em presídios. Mas parece não sobrar outra posição para os
colégios. Vivemos uma crise de valores imensa - e isso inclui a extrema
desonestidade de nossos jovens. À escola cabe o papel de educar? Sim, mas
também o de punir. Megaesquemas de "fila" tomaram conta das grandes
escolas - e os apetrechos eletrônicos contribuem exponencialmente para isso.
Tudo que as instituições puderem fazer para coibir as fraudes me parece válido.
Os honestos não se incomodam nem um pouco com medidas restritivas. Deixemos a
pedagogia utópica de lado e sejamos mais práticos: escola não é delegacia,
aluno não é bandido. Mas esquemas de fraudes são crimes. E têm de ser
combatidos.
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