Quem sou eu

Minha foto
Santa Cruz do Capibaribe/ Caruaru, NE/PE, Brazil
Posso ser séria, brincalhona, distraída, chata, abusada, legal,ótima, travosa (como diz um grande amigo) isso depende de você, de mim, do dia ou da situação. Quer mesmo saber quem sou eu? Precisa de mais proximidade. Gosto de ler e escrever, embora nem sempre tenha tempo suficiente para tais práticas. Gosto de tanta coisa e de tantas pessoas que não caberiam aqui se a elas fosse me referir uma por uma. Acho a vida um belo espetáculo sem ensaios onde passeamos dia a dia a procura da felicidade. Para falar mais de mim profissionalmente: Sou professora. Graduada em Letras-FAFICA. Atualmente estudo sobre Leitura Literária no Ensino Fundamental. Atuo no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

SEGUIDORES

sábado, 25 de agosto de 2012

Festa das Dálias XIII edição - Taquaritinga do Norte - PE





Taquaritinga do Norte está localizada a 164 km da capital pernambucana, tem uma média de 25 mil habitantes é uma cidade que tem o turismo cravado na sua essência, já que suas belezas naturais atraem pessoas de várias partes do país. Ela é conhecida como a Dália da Serra, devido à predominância dessa flor em suas terras, e está entre as cidades mais frias do Estado.

No inverno, sua temperatura média é de 15 graus, chegando até aos 9. Por esse motivo, a treze anos a cidade foi contemplada com a Festa das Dálias. Sempre realizada em data móvel a festa este ano será realizada entre os dias 28 de agosto a 01 de setembro.

A mesma é uma realização do Governo do estado em parceria com a Prefeitura de Taquaritinga do Norte e faz parte do Festival Pernambuco nação Cultural (antigo circuito do frio) e garante em média um público de 80 mil pessoas nos dias do evento.

Na programação estão incluídas oficinas voltadas a jovens e adultos, diversas apresentações culturais e grandes shows com artistas locais e de renome nacional, sem contar na mega estrutura montada em praça pública e o trabalho das polícias militares, e civis, seguranças particulares e bombeiros, delegacia móvel, Vigilância Sanitária e Samu.

É por tudo isso que quem vier visitar a Dália da Serra não se arrependerá, pois curtirão grandes shows, participarão de oficinas culturais, mostras de cinema e ainda poderão desfrutar do agradabilíssimo clima de montanha.
 
Programação
Shows | Palco Nação Cultural
(Praça Padre Otto Sailler, a partir das 22h)
Quinta-feira 30/08
- Forró Taquara
- MPBaião
- Orquestra Ópera Banda Show
- Odair José

Sexta-feira 31/08
- Zé Cafofinho e As Correntes
- Marcelo Jeneci
- Fafá de Belém

Sábado 01/09
- Forró do Bardigão
- Fabiana Pimentinha
- Josildo Sá
- Projeto Viva Gonzagão com os artistas: Santana, Petrúcio Amorim, Cristina Amaral, Cezzinha, Robertinho Cruz entre outros.

Artes cênicas - Teatro para Infância e Juventude
Local: Salão Paroquial
Sempre às 17h

Quinta-feira, 30/08
Decripolou Totepeou – De crianças, poetas e loucos todos temos um pouco

Sexta-feira, 31/08
Pluft, O Fantasminha Camarada

Sábado, 01/09
Minha Cidade
Audiovisual

Mostra Cinema na Estrada

Quarta-feira, 28/08, às 19h – Distrito Pão de Açúcar
Sábado, 01/09, às 19h – Distrito de Gravatá do Ibiapina

Programação:
- Fulô de Açucena (Ficção, 9 minutos, 2011), de Marcos Carvalho
- O Troco (Ficção, 10 minutos, 2008), de André Rolim
- Garoto Barba (Ficção, 14 minutos, 2010), de Cristopher Faust
- Dia Estrelado (Animação, 17 minutos, 2011), de Nara Normande
- Até o Sol Raiá (Animação, 12 minutos, 2008), de Fernando Jorge e Leandro Amorim
- Cinema Americano (Documentário, 15 minutos, 2011), de Taciano Valério

Artesanato
Caminhão do Programa do Artesanato de Pernambuco (PAPE)

De 28/08 a 01/09
A partir das 14h
Local: Ao lado da Praça Padrel Otto Sailler

Fotografia
Exposição do IV e V Concurso Pernambuco Nação Cultural de Fotografia
De 28/08 a 01/09
Local: Praça Padre Otto Sailler


*** PROGRAMAÇÃO/FORMAÇÃO (OFICINAS, WORKSHOPS e PALESTRAS) DIVULGAREMOS EM BREVE.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Paris é a melhor cidade do mundo para estudar


São Paulo figura em 45º no ranking da QS

A Universidade Paris 4-Sorbonne, no Quartier Latin

Segundo índice divulgado pela QS – instituição que avalia a qualidade de universidades em todo o mundo -, Paris é a melhor cidade do mundo para estudantes.
Alguns dos critérios utilizados pela pesquisa são a classificação e reconhecimento das instituições de ensino situadas na cidade, a qualidade do ensino e o custo de vida local.
Londres, Boston e Melbourne seguem de perto a capital francesa. São Paulo, em 45° lugar, é a única cidade brasileira a figurar na lista.
Para ter acesso ao ranking completo, clique aqui.

FONTE:
http://revistacult.uol.com.br/home/2012/08/paris-e-a-melhor-cidade-do-mundo-para-estudar/

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

EPEPE - IV ENCONTRO DE PESQUISA EDUCACIONAL EM PERNAMBUCO - Pesquisa e Educação na Contemporaneidade: Perspectivas Teórico-Metodológicas

Minicurso

  • A inscrição do Minicurso é feita pelo e-mail epepe2012@fundaj.gov.br.
  • No e-mail deve constar o nome do minicurso escolhido e nome completo do cursista.
  • Para participar do minicurso o candidato deve está inscrito e ter  pago a taxa de inscrição do IV EPEPE.
  • O número de vagas é limitado. Os critérios serão a ordem de  chegada dos e-mails e   o pagamento  da inscrição. Outras situações serão resolvidas pela coordenação do evento.
  • Preenchidas as vagas publicaremos a relação dos inscritos.

    Títulos/Docentes Vagas
    Abordagem do ciclo de políticas: aspectos teórico-metodológicos.
    Profa. Cibele Maria Lima Rodrigues
    35
    A criança, o lúdico e a linguagem matemática
    Profa.Juceli Bengert (Fundaj)
    35
    Ateliê de Produção do ConhecimentoProfa.
    Marli de Oliveira (UFRPE) e Profa. Jeane Costa (UPE/Mata Norte)
    35
    Aprendizagem Móvel (Mobile Learning)
    Prof. Marcelo Brito Carneiro Leão (UFRPE) e Prof. Marcos Alexandre de Melo Barros (UFRPE)
    35
    Educação do campo como política públicaProfa.
    Angela Maria Monteiro da Motta Pires (CAA/UFPE)
    35
    Família, autoridade e educação permissiva das crianças
    Prof. Eduardo Fonseca (Fafire)
    35
    Igualdade de gênero e liderança compartilhada
    Profa. Hulda Stadler (UFRPE)
    35
    LIBRAS no processo ensino-aprendizagemProfa.
    Leila Santos de Mesquita - (UPE- Mata Norte) e
    Profa. Maria José Negromonte - (UPE-Mata Norte)
    35
    Memória e narrativas: limites e possibilidades do uso na pesquisa educacional
    Profa. Janirza da Rocha Lima (Fundaj)
    35
    O ensino do sistema de escrita alfabética em uma perspectiva de letramento
    Prof. Alexsandro da Silva (CAA/UFPE)
    35
    O papel histórico das mulheres negras na construção do Brasil
    Profa.Delma Josefa da Silva (Fafica)
    35
    Pedagogia não-escolar e Movimentos Sociais
    Prof. Alcivam Paulo de Oliveira (Unicap).
    35
    Twittando e retwittando microcontos
    Profa. Maria Maria Auxiliadora Soares Padilha (UFPE), Profa. Márcia Nogueira, Profa. Edilma Maria dos Santos Silva, Prof. Márcio Henrique Melo de Andrade, Profa. Patrícia Carvalho Matias e Profa. Josivânia Maria de Freitas
    20
    Variação linguística em sala de aula: estratégia metodológica de combate ao preconceito linguístico
    Profa. Solange Carlos de Carvalho (Fundaj)
    35

III Encontro Acadêmico Gêneros na Linguística e na Literatura

Post

III Encontro Acadêmico Gêneros na Linguística e na Literatura



Presenças Confirmadas


  • Andre de Senna (UFPE)
  • Angela Paiva Dionisio (UFPE)
  • Benedito Bezerra (UPE/UFPE
  • Beth Marcuschi (UFPE)
  • José Helder Pinheiro (UFCG)
  • Márcia Rodrigues de Souza Mendonça (UNICAMP)
  • Maria Antónia Coutinho (Universidade Nova de Lisboa – PT)
  • Maria Augusta Reinaldo (UFCG)
  • Maria Auxiliadora Bezerra (UFCG)
  • Regina Peret Dell’Isolla (UFMG)

Inscrições


As inscrições devem ser submetidas online, via formulário, nos seguintes links:
Sem apresentação de trabalho – Ouvintes: http://goo.gl/L0Oh6
Apresentadores de Pôster Acadêmico: http://goo.gl/x3dVn
O pagamento deve ser feito na secretaria do evento, localizada na Sala da Revista Ao Pé da Letra, CAC/UFPE, térreo, durante o período de inscrições, de 14 a 22 de agosto de 2012, das 10h às 16h. A sua inscrição será efetivada mediante o pagamento. Vagas Limitadas.

Valores


Prazos e valores das inscrições estão descritos na tabela a seguir:
Graduandos e Professores da Educação Básica
R$ 25,00 (incluso almoço para os 2 dias)
Pós-graduandos
R$ 35,00 (incluso almoço para os 2 dias)
Professores Universitários
R$ 45,00 (incluso almoço para os 2 dias)

Normas para Resumo Expandido – Pôster Acadêmico (apenas mestrandos e doutorandos)


1. O Resumo Expandido deve conter um mínimo de 550 e máximo de 1000 palavras (não estamos nos referindo a caracteres);
2. Todas as submissões de Resumos Expandidos devem conter: nome do autor, do orientador(a), da IES, do PG de origem e do nível acadêmico;
3. Todos os Resumos Expandidos devem apresentar de modo claro: tema, objetivo(s), pressuposto(s) teórico(s), metodologia e descrição atual da pesquisa;
4. É de total responsabilidade do autor a revisão gramatical do Resumo Expandido submetido. O texto será entregue à equipe de professores convidados que participará da PLENÁRIA “EXPOSIÇÃO DE PÔSTERES: Gêneros em debate” da mesma maneira como for submetido pelo autor através do formulário.
5. O Resumo Expandido deve ser enviado junto ao formulário de inscrição no evento que está disponível no link http://goo.gl/x3dVn.
PRAZO FINAL PARA ENVIO DE RESUMOS: 22 de agosto de 2012.

Realização


  • Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE
  • Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino da UFCG

Apoio


  • CAPES/PROCAD-NE 2008
  • Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE
  • NIG (Núcleo de Investigações sobre Gêneros Textuais)

Comissão Organizadora


  • Angela Dionisio
  • Beth Marcuschi
  • José Helder Pinheiro
  • Maria Augusta Reinaldo
  • Maria Auxiliadora Bezerra

Comissão Científica


  • Anco Márcio Tenório Vieira
  • André de Senna
  • Benedito Bezerra
  • Beth Marcuschi
  • Fabiele Stockmans
  • José Helder Pinheiro
  • Josilene Mariz
  • Judith Hoffnagel
  • Karina Falcone
  • Maria Augusta Reinaldo
  • Maria Auxiliadora Bezerra
  • Maria Medianeira de Souza
  • Marta Nóbrega

sábado, 4 de agosto de 2012

Polêmica sobre o uso de artigo antes de "Mato Grosso", combatido pelos habitantes do estado, reacende debate sobre normativismo

Artigo de estado


Aldo Bizzocchi


ads not by this site

Universidade Federal de Mato Grosso, em Cuiabá: artigo da discórdia

Em abril de 2011, o jornal mato-grossense Folha do Estado publicou reportagem com o título "Você gosta de Mato Grosso?", cujo mote é a seguinte questão: é correto ou não usar artigo definido antes do nome próprio "Mato Grosso"? É que a presença desse artigo incomoda os mato-grossenses, a ponto de um escritor do estado ter mandado fazer adesivos para carro com os dizeres "Quem fala do Mato Grosso não é de Mato Grosso". Será que o sentimento dos mato-grossenses em relação à língua deve ser levado em consideração em questões como essa?
O jornal ouviu a opinião da coordenadora de ensino de graduação em Letras da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), professora mestre Carolina Akie Ochiai Seixas Lima, que, com base na Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla, afirmou: "Quando se usa a expressão 'do mato grosso', isso se refere à quantidade e tipo de mato, se este é grosso ou fino, e não ao Estado". À pergunta se o correto é "as plantações de soja estão no Mato Grosso" ou "estão em Mato Grosso", a coordenadora argumenta: "o no só é utilizado quando você se insere, está dentro de algo, e não em algum lugar. Dessa forma é possível compreender que a expressão correta é 'As plantações de soja estão em Mato Grosso'".

Essa matéria serve bem para mostrar a diferença de postura entre linguistas e gramáticos. A linguística é uma ciência e, como tal, não faz juízos de valor, apenas se atém aos fatos. Para um astrônomo, não há estrelas boas ou más; para um biólogo, nenhum espécime é certo ou errado; um físico observa, descreve e procura explicar fenômenos físicos: não faz sentido, diante de um fato concreto (como o desvio na órbita de um corpo celeste por efeito da gravidade de outro) julgar se isso é bom ou ruim é simplesmente natural.

CiênciaA função da linguística é analisar, descrever e explicar como as pessoas efetivamente falam e por que o fazem deste e não de outro jeito. Da mesma forma como espécimes biológicos não estão certos nem errados, estão apenas mais ou menos adaptados ao seu habitat, uma determinada expressão linguística pode ser mais ou menos adequada ao meio (isto é, às circunstâncias de comunicação). É como escolher uma roupa: nenhum traje é intrinsecamente correto ou incorreto - depende do lugar aonde vamos.

Por outro lado, a gramática não é uma ciência, é (ou deveria ser) uma tecnologia derivada da linguística, cujo objetivo é normatizar uma das formas de uso da língua, a chamada norma culta, um padrão criado artificialmente para ser usado exclusivamente em situações formais, como textos técnicos, acadêmicos, jurídicos e, na maioria das vezes, também jornalísticos (certos cronistas esportivos e policiais têm a "licença poética" de usar um linguajar mais coloquial visando um público mais específico). Aqui surgem dois problemas: primeiro, a gramática normativa diz respeito à comunicação formal; portanto, quando um gramático exige a obediência cega às regras (que, diga-se de passagem, ele mesmo estabelece) numa conversa de bar, está exorbitando de sua função. Em segundo lugar, não há como negar que a comunicação formal necessite de uma normatização, mas esta deveria se dar segundo critérios científicos e com embasamento em fatos e não em opiniões. O problema é que a maioria dos gramáticos legisla sobre o idioma sem
ter legitimidade para isso. Nem receberam mandato popular nem têm qualificação científica para fazê-lo. Seus critérios são subjetivos e calcados em meia dúzia de escritores do passado escolhidos arbitrariamente (cujos exemplos também são pinçados ao arbítrio do gramático: o que não serve para provar sua tese é simplesmente descartado).

GramáticaNo caso em questão, apoia-se a professora da UFMT em Cegalla (um gramático tradicional e não científico) para afirmar que o correto é "de Mato Grosso, em Mato Grosso", e não "do Mato Grosso, no Mato Grosso", pois "do/no mato grosso" se referiria a uma floresta densa e não ao estado brasileiro. Ora, por esse raciocínio, deveríamos dizer "de/em Rio Grande do Sul", "de/em Rio de Janeiro", pois estamos nos referindo a Estados e não a rios! Aí está a típica posição de um gramático leigo em assuntos de ciência da linguagem, o qual baseia seu veredicto em opiniões e não fatos. Uma ciência verdadeira se constrói com fatos observáveis e mensuráveis e não com opiniões, crenças ou ideologias, por mais respeitável que seja quem as emite.

Em resumo, "Mato Grosso" é um desses nomes próprios que admitem ambas as formas, não porque os gramáticos assim o querem, mas porque os falantes assim falam.

Quanto à preferência que os mato-grossenses têm por esta ou aquela forma, é apenas isso: preferência. O que conta para a descrição de um idioma é como as pessoas efetivamente falam e não como algumas pessoas gostariam que as outras falassem. Se a maioria dos brasileiros diz "do/no Mato Grosso" (e isso pode ser verificado estatisticamente), a posição dos próprios mato-grossenses a respeito é minoritária, mesmo que sejam eles os moradores do local. Se quero me referir aos bairros paulistanos de Pinheiros e do Alto de Pinheiros, não preciso consultar os próprios moradores desses bairros para saber como eles desejam que eu diga, basta que eu use uma das duas formas correntes em São Paulo.

FonéticaIsso me lembra a famosa questão sobre a pronúncia de "Roraima": deve-se dizer "Rorâima" ou "Roráima"? Gramáticos sem formação científica que pontificam nos meios de comunicação alegam que deve ser "Roráima" porque é assim que os próprios roraimenses falam. Ora, em português não há oposição fonológica entre "á" e "â", principalmente quando o a vem seguido de fonema nasal, como m ou n. É por essa razão que posso dizer "bânâna" ou "bánâna", "Jáime" ou "Jâime", "páineira" mas "pâina", "plâino" mas "apláinar".

São respostas desse tipo que fazem os gramáticos "tradicionalistas" perderem a credibilidade, pois seu método de análise e julgamento é questionável: criam as próprias regras, em geral com base em critérios pessoais e idiossincráticos; tomam a exceção como regra; fundam essas regras em usos de escritores do passado, especialmente lusitanos, como se a língua de ontem fosse melhor que a de hoje, os portugueses fossem mais sábios que os brasileiros, e o discurso literário (que, por sua própria natureza poética, é mais desvio do que norma) fosse melhor que o jornalístico, o publicitário, o técnico, o coloquial etc. Em igual posição ficam os professores de português que embasam seus argumentos exclusivamente nesses gramáticos e dão as costas para a ciência. Por fim, iniciativas como a do escritor que distribui adesivos podem ser consideradas bairristas e preconceituosas.

Portanto, se os mato-grossenses se sentem melhor dizendo "de/em Mato Grosso", é justo e legítimo que continuem a fazê-lo. Mas daí a dizerem que aqueles que não o fazem estão errados e devem ser repreendidos ou reprimidos por isso vai grande distância.

Quando o artigo tanto faz
Muitos nomes geográficos admitem formas precedidas ou não por artigo definido
- "Saudade de Minas Gerais" x "Saudade das Minas Gerais";


- "O poeta de Alagoas" x "O poeta das Alagoas";

- "O prefeito de Recife" x "O prefeito do Recife";

- Em Portugal, pode-se dizer "na África", "na França" ou "em África", "em França" (os portugueses preferem esse segundo uso);

- Em Belo Horizonte, nomes de bairros como Santo Antônio ou Lourdes se usam tanto precedidos de artigo como não: "Moro em/no Santo Antônio", "Estou vindo de/do Lourdes", e assim por diante;

- Em São Paulo, os bairros de Pinheiros e Perdizes devem seus nomes a dois largos, que admitem ambas as formas: Largo de/dos Pinheiros, Largo de/das Perdizes.

FONTE:

http://revistalingua.uol.com.br/textos/81/artigo-de-estado-262412-1.asp

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

EU SOU NEGUINHA - ELISA LUCINDA

Eu sou neguinha (Parte 1)

Numa véspera de natal, eu no mercadinho de Botafogo, no Rio de Janeiro, acompanhada de uma sobrinha de nove anos, quando sinalizei um táxi que parou. Era um senhor de uns sessenta e cinco anos. Reproduzirei aqui e na íntegra nosso diálogo: Boa tarde, o senhor poderia abrir a mala para que eu possa pôr as compras? “Vai pra onde?” Por quê? “No morro eu não vou, no morro eu não levo. É no morro?” Não, é no Recreio. “No Recreio eu levo.” Mas eu não vou com o senhor. Não ando com preconceituoso.
Claro que dói saber que essa cena ainda cabe num Brasil recente, no Brasil de agora. Na hora fiquei estarrecida, quase imobilizada. Só depois, refletindo sobre o fato, é que percebi a escrotidão da cena e me arrependi de não ter tido a iniciativa imediata de anotar a placa e dar um susto de civilidade naquele cidadão. Observei a sua falta de constrangimento, sua cara-de-pau, seu desplante, a inabalável certeza de que ser neguinha certamente só podia significar morar no morro e por isso merecer seu profundo desprezo. Um desprezo quase lícito para ele, justificado. Eu desconfio que se eu fosse loira ele não teria arriscado com tanta folga. Esse senhor não era racista exatamente, era folgado, espalhado, excedendo ao preconceito. Me  fixei no desdém, na descidadania que é oferecida  aos que moram nas favelas, e pagam a mesma bandeirada, o mesmo preço com o dinheiro da mesma cor do dos brancos ou dos misturados, que escapam do preconceito por um olhar mais desatento. Atordoada ainda, peguei logo atrás outro carro e contei a história. Esse motorista então disse: “É, mas o pior é que elas “mente”: elas “fala” que vai para a Barão de Petrópolis, chega lá e é bem no Morro do Querosene”. Eu disse então: meu senhor, se o senhor morasse lá, onde não há super mercados nem delivery de pizza ou de farmácia, o senhor também mentiria para ter assegurado o direito de ir levar comida ou remédio para seu filho. Ele tentou discordar, mas não tinha argumentos. Sei dos perigos por que passam estes taxistas, é claro nas comunidades ainda não pacificadas. Ás vezes se veem obrigados a transportar bandidos mortos no porta-malas e outras loucuras da ficção que só costumam habitar os filmes de guerra e ação. Mas os próprios moradores sabem como a barra está e existe um certo respeito e uma certa tolerância da própria bandidagem por estes serviços que a população precisa.
Bem, escrevo isso, sabedora que temos legislar o ser humano ainda. Que triste! Mas se não o fizermos ele fere, ofende, levianiza, calunia, estupra, rouba e mata. E, pasmem todos, para tanto, não há classe social definida nem alguma que se salve. Eu soube que um alto executivo de uma multinacional, morador do Jardim Botânico , que é morro chique, foi flagrado pela mulher abusando sexualmente da sua filha de dois anos. Com seu dinheiro e poder conseguiu abafar o caso, a mulher se separou, e a justiça exigiu que a avó, a partir daí, acompanhasse as visitas do agressor à filhinha, sempre. Mas acho que ele deveria perder o pátrio poder, já que feriu o cerne de sua função paterna que é proteger sua filhinha. Sei de espaços sofisticados, salões de beleza freqüentados pela alta sociedade, em que é necessário colar nas prateleiras os produtos expostos, porque pessoas ricas roubam também. E são geralmente chamadas de cleptomaníacas porque não estão no quesito necessidade.


Eu sou neguinha! (Parte 2)

Quero dizer que me assusta o fato de termos que proibir que avancem sinal quando é a hora de gente atravessar, que mostrem a notinha da compra ou do consumo para que não se saia do recinto sem pagar, que vigiem nossos pertences na praia enquanto vamos mergulhar. Então o que está acontecendo? Não evoluímos nesta seara do respeito ao outro? Precisamos ainda ser coibidos, vigiados senão fazemos loucuras? Que bicho é este o homem, que em plena nova era, bate em mulher, estupra criancinha, violenta moças nos matagais, mata esposa, filho, mãe e pai? Quem é este homem que ainda se julga maior do que outro porque é branco, é rico, porque que tem amigos no poder e por isso proteção na impunidade? Quem este homem do Brasil e do mundo de hoje que ofende seus iguais, discrimina e repudia homossexuais e outra diferenças normais no grande caldeirão hibrido da humanidade? Quem é este homem que rouba o dinheiro do povo na cara de todos e mesmo assim se alardeia inocente, consegue advogados de prestígio que tentarão provar a todos que a verdade flagrada não é verdadeira?
Tudo isso, meus amigos, ainda acredito, só muito lentamente mudará. Eu vacilei em não ter anotado a placa do infeliz racista do meu episódio e a esta hora  aplicar-lhe o um corretivo, um processo, uma pena que o fizesse melhorar e ou reparar de algum moído o seu erro, sua ofensa a mim e a minha sobrinha naquela noite de natal.  Mas não o fiz. Fiquei assustada, custei a entender. Porque toda vez que dou de cara, nestes modernos virtuais tempos, com um agressor insano assim, seja ele corrupto, pedófilo, assassino, ladrão, facista, enfim o monstro humano, com a fera escondida mostrando as garras sem pensamento que o detenha. Tremo. E sou obrigada a citar meu Gilberto Gil, tempo ó tempo rei ó tempo rei, transformai as velhas formas de viver, me ensinai, ó pai, o que eu ainda não sei.
Por outro lado, estamos perdidos entre preconceitos e contradições. O homem que agride, rouba ou mata pode-se dizer padre, pastor, cristão. O homem que brada contra negros ou negras, muitas vezes se sente por estes atraídos e cria dentro de si uma guerra invertida que nascera do enrustimento desse tesão. Outros, bradam contra homossexuais, “mulheres lésbicas, Deus me livre, nem pensar. Se for filha minha, eu prefiro morrer”. No entanto, este mesmo indivíduo pode estar voltando de um motel onde “brincou” com duas mulheres na cama. Isso significa que lá no motel, ele sozinho com elas, sem ninguém ver, lá pode? Lá não são duas mulheres se beijando? Ora, eu sei que esse assunto é cabeludo e que mexe, que abala o muro protetor dos pensamentos que queremos esconder. Mas para isso escrevo. Para mostrar o que se pretende que ninguém veja. Abramos os nossos olhos. Pensemos o que realmente nos incomoda no fato do outro ser preto, branco, gay ou não. Por que será que um beijo entre pessoas do mesmo sexo ofende a ponto de chamar ao palco a fera? Porque será que insulta alguém ver dois homens abraçados, a ponto de machucá-los e matá-los? O que será que faz com que a TV brasileira ache feio ver seu povo nela? Aí, a ficção enche a Bahia de Jorge Amado de brancos, dizendo que a Bahia tem todo aquele encanto, só que sem os pretos que são os que geram grande parte desses encantos, que o próprio autor descreveu. Parece que estou misturando os assuntos, mas não, tudo isto é farinha do mesmo saco. Tudo que negamos não deixa de existir porque negamos. A civilização que tanta propaganda faz de iogurtes e laxativos é a mesma que nos educa para a prisão de ventre: omita, guarde, enfeze-se, trave-se, esconda-se, siga a moda de roupa, pensamento e comportamento e tente ser feliz. Diante dessa armadilha que preparamos para nós, salvar-se-ão aqueles que criativos tiverem a coragem de mudar o rebolado do pensamento de serem originais, de dizer o que pensam. Eu digo: Meu pensamento sabe rebolar. Eu sou neguinha!

FONTE: http://www.escolalucinda.com.br/alira/