Quem sou eu

Minha foto
Santa Cruz do Capibaribe/ Caruaru, NE/PE, Brazil
Posso ser séria, brincalhona, distraída, chata, abusada, legal,ótima, travosa (como diz um grande amigo) isso depende de você, de mim, do dia ou da situação. Quer mesmo saber quem sou eu? Precisa de mais proximidade. Gosto de ler e escrever, embora nem sempre tenha tempo suficiente para tais práticas. Gosto de tanta coisa e de tantas pessoas que não caberiam aqui se a elas fosse me referir uma por uma. Acho a vida um belo espetáculo sem ensaios onde passeamos dia a dia a procura da felicidade. Para falar mais de mim profissionalmente: Sou professora. Graduada em Letras-FAFICA. Atualmente estudo sobre Leitura Literária no Ensino Fundamental. Atuo no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

SEGUIDORES

quinta-feira, 24 de maio de 2012

IGUAL - CONCEIÇÃO GOMES

IGUAL
CONCEIÇÃO GOMES

Não me queira igual,
Não me queira diferente,
Não me queira mal...
Sou assim:
Igual, diferente dos iguais
E diferente, igual aos diferentes.
Não me olhe como se esse não fosse o meu planeta.
Não feche os olhos por não suportar os meus.
Veja as cores:
São reflexos das possibilidades.
Não queira me prender,
Não me solte ao vento.
Saiba pegar de leve a minha mão.

Os rótulos são marcas ilusórias.
Venha
Como gota de chuva,
Raio de sol,
Borboleta brincante...

Os 25 escritores mais admirados



Os 25 escritores brasileiros mais admirados no País segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, de 2008, realizada pelo Instituto Pró-Livro.
Os dados destacam que os quatro primeiro lugares, juntos, obtiveram quase metade das indicações na pesquisa.
  1. Monteiro Lobato
  2. Paulo Coelho
  3. Jorge Amado
  4. Machado de Assis
  5. Vinícius de Moraes
  6. Cecília Meireles
  7. Carlos Drummond de Andrade
  8. Érico Veríssimo
  9. José de Alencar
  10. Maurício de Souza
  11. Mário Quintana
  12. Ruth Rocha
  13. Zibia Gasparetto
  14. Manuel Bandeira
  15. Ziraldo
  16. Chico Xavier
  17. Augusto Cury
  18. Ariano Suassuna
  19. Paulo Freire
  20. Edir Macedo
  21. Castro Alves
  22. Graciliano Ramos
  23. Rachel de Queiroz
  24. Luis Fernando Verissimo
  25. Clarice Lispector
Está para ser publicada uma nova pesquisa em breve.

POR TODOS OS LADOS - Conceição Gomes

POR TODOS OS LADOS
(Conceição Gomes - Caruaru – 21/05/2012)

Ficarei a noite inteira
Perdida entre livros, palavras e pensamentos,
À procura de todas as palavras
Que falem de toda dor que sinto.
De tão repetitiva
Fere dia e noite minha alma e minha carne.

Não, não encontrarei a palavra exata,
Pois em todos os lados procuro
E não há o que possa dizer.

Se gritos agudos e loucos ouvirem
É porque o silêncio rompeu todas as barreiras
E através da vidraça lança-me
Aos quatro ventos.

Desde o dia em que a bússola perdi,
Minha morada é a rosa dos ventos
Que enlouqueceu
E lança minha dor com fúria.

Concurso Professor Autor premia 161 professores pela produção de materiais de apoio didático multimídia

Inscrições para a versão 2012 do concurso estão abertas até o dia 09 de junho



Assessoria de Comunicação - 22/05/2012 00:00h



Inovar a educação e incentivar o aperfeiçoamento profissional dos professores da rede estadual incentivando a produção de material pedagógico inédito, este é o objetivo do Concurso Professor Autor, que na sua primeira edição teve 308 trabalhos aprovados. Este material completo já está disponível no site da Secretaria de Educação para ser usado por professores e alunos: http://bit.ly/vencedorespa.

Cada material vencedor rendeu um prêmio de R$1.000 para o professor autor. A participação no concurso envolvia o envio de materiais de apoio multimídia em formato de apresentação de slides para treze disciplinas da grade curricular do Ensino Médio. O Concurso contou com a participação de 292 professores e teve um total de 930 materiais inscritos.

A segunda edição do Professor Autor já está com inscrições abertas no site www.educacao.pe.gov.br/ojeaté o dia 9 de junho. Os professores que já estão cadastrados na plataforma não precisam realizar novo cadastro. A etapa de envio dos materiais vai do dia 10 de Junho até o dia 25 do mesmo mês.

A grande novidade deste ano é a inclusão de tópicos do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano). No total estão disponíveis 698 tópicos para o Ensino Fundamental e 336 tópicos para o Ensino Médio.

Componentes curriculares por ensino

ENSINO FUNDAMENTAL
ENSINO MÉDIO
Arte
Arte
Ciências
Biologia
Língua Portuguesa
Língua Portuguesa
Língua Inglesa
Língua Inglesa
Geografia
Língua Espanhola
Matemática
Educação Física
Educação Física
Filosofia
História
Física

Geografia

História

Matemática

Química

Sociologia
 

Ney Matogrosso fala do filme “Luz nas Trevas”


Continuação do clássico "O Bandido da Luz Vermelha", de Rogério Sganzerla, filme com o cantor estreia hoje

A Musa do Cinema Novo, Helena Ignez, dirige o cantor e também estrela Luz nas Trevas, continuação do clássico O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla; filme estreia hoje.
CULT – Como foi adaptar o roteiro deixado por Rogério Sganzerla (1946-2004), com quem foi casada?
Helena Ignez – Quando resolvi mesmo fazer isso, sentia que tinha ali uma história extraordinária. Não ia ser filmada pelo Rogério, mas não poderia desaparecer. Tinha muito material, 600 páginas, mas era literatura, não era ainda um roteiro cinematográfico. Foi um prazer enorme. Trabalhei nele durante quatro anos, mas não tem uma palavra que não seja do Rogério.
Por que escolheu Ney Matogrosso para reviver o Bandido da Luz Vermelha e como foi trabalharem juntos?
Porque ele é um ícone e, como o próprio Jorge Prado, um mito da liberdade, da revolução constante e da transformação. Ney é adorável e é inacreditável como ele, talvez o símbolo gay, seja tão sério. Isso é muito gostoso, você vê uma pessoa muito centrada. Ele se entrega completamente. Uma perfeição, um profissional extraordinário.
Quem acredita que seja o público alvo do filme?
É o público bem humorado, que quer aprender, se divertir com coisa boa, e não está completamente satisfeito com as “comediazinhas” medianas, mas também não quer saber daquele filme cabeça, chato. E também o público de musicais, pois tem uma trilha sonora fantástica. Concluindo, o público é, como diria Rogério, de jovens de todas as idades.
CULT – Como surgiu o convite para esse papel?
Ney Matogrosso – A Helena [Ignez] foi ao camarim ao final de um show meu me fazer o convite. Topei na hora. Cinema é algo que me interessa e era uma continuação de um clássico – não seria uma refilmagem, mas uma história que continuaria.
Como foi ser dirigido pela Helena Ignez?
A Helena não deixou eu me preparar, não quis que eu ensaiasse. Fiquei muito entregue a ela. Eu acabava de fazer uma cena, e ela vinha me dar um feedback, e assim eu fui indo.
Sentiu dificuldade em algum momento?
A primeira cena foi difícil para mim. O personagem está enlouquecido na janela da cela dele, gritando. Era um texto enorme que ele tinha que falar enlouquecidamente, emocionalmente perturbado. Foi a primeira cena que filmei e fiquei tímido, envergonhado de fazer isso, porque o outro lado do corredor estava cheio de atores nas celas, e eu me senti inibido. Mas consegui superar: pedi que pusessem o texto na parede, só para não perder o fio da meada.
O que achou da qualidade dos diálogos?
Gosto muito do texto, de maneira geral. É poético, mas, em alguns momentos, tem humor também, dentro daquela loucura toda que está acontecendo. Isso é Sganzerla, né?
Acredita que haja semelhanças entre você e o personagem?
Talvez um pensamento similar no sentido de ser contestador, transgressor. Acho que isso me aproxima dele.

FONTE:
http://revistacult.uol.com.br/home/2012/05/ney-matogrosso-fala-do-filme-luz-nas-trevas/

Brasil tem o 40º melhor sistema de ensino superior


Coordenado pela Universidade de Melbourne, o estudo analisou 48 países; EUA lideram e China é 39º

Em estudo divulgado pela Universitas 21, rede internacional pioneira em pesquisas em universidades, os Estados Unidos têm o melhor sistema de ensino superior do mundo, seguidos de Suécia e Canadá. O Brasil ficou em 47º.
Os dados analisados pela rede são, em sua maioria, de 2008 e 2009. Os indicadores consideram um leque de 20 variáveis que respondem a pesos distintos. Entre elas, figuram: recursos, resultados, conectividade e ambiente.
Entre outros critérios, foi levado em conta o número de artigos publicados e o seu impacto, o investimento do Estado e do setor privado e o número de estudantes estrangeiros ou do sexo feminino.
Segundo o jornal português “Público”, a liderança dos EUA se explica sobretudo pela classificação obtida no indicador “resultados”, onde foram avaliados o número de artigos publicados e o seu impacto, que é o mais valorizado para um balanço global.
Os autores do estudo, do Melbourne Institute of Applied Economic and Social Research (Instituto de Economia Aplicada e Pesquisas Sociais de Melbourne), da Universidade de Melbourne (Austrália), observam que em 40 dos 48 países analisados há pelo menos 50% de mulheres frequentando o ensino superior. Por outro lado, em apenas cinco países o sexo feminino preenche os lugares nas faculdades como trabalhadoras.
Confira o ranking completo:
Ranking | País | Pontuação
1 – Estados Unidos – 100
2 – Suécia – 83.6
3 – Canadá  - 82.8
4 – Finlândia – 82
5 – Dinamarca –  81
6 – Suíça – 80.3
7 – Noruega – 78
8 – Austrália – 77.8
9 – Holanda – 77.4
10 – Reino Unido – 76.8
11 – Cingapura – 75.4
12 – Áustria – 73.8
13 – Bélgica – 73.7
14 – Nova Zelândia – 72.5
15 – França – 70.6
16 – Irlanda – 69.5
17 – Alemanha – 69.4
18 – Hong Kong – 68.9
19 – Israel – 67.4
20 – Japão – 66.1
21 – Taiwan – 62
22 – Coreia – 60.2
23 – Portugal – 60.1
24 – Espanha – 59.9
25 – Ucrânia – 58.6
26 – República Tcheca – 57.9
27 – Polônia – 56.2
28 – Eslovênia – 55.8
29 – Grécia – 54.7
30 – Itália –  54
31 – Bulgária – 52.5
32 – Rússia – 52.4
33 – Romênia – 51.3
34 – Hungria – 50.8
35 – Eslováquia – 50.6
36 – Malásia – 50.5
37 – Chile – 48.9
38 – Argentina – 48.6
39 – China – 48.3
40 – Brasil – 47.2
41 – Tailândia – 46.6
42 – Irã – 45.8
43 – México – 45.3
44 – Croácia – 44.9
45 – Turquia – 44.4
46 – África do Sul – 43.4
47 – Indonésia – 37.5
48 – Índia – 34.4

Fonte: Universitas 21/2012

Coronelismo intelectual

Coronelismo intelectual

Não há muita diferença entre a mesa de bar e a mesa-redonda dos acadêmicos

Podemos chamar de “coronelismo intelectual” a prática autoritária no campo do conhecimento. Este campo é extenso, começa na pesquisa científica universitária e se estende pela sociedade como um todo, dos meios de comunicação ao básico botequim onde ideias entram em jogo.
Coronelismo intelectual é a postura da repetição à exaustão de ideias alheias. A reflexão só atrapalharia, por isso é evitada.
Encarnação de prepotente eloquência, o paradoxo do coronelismo é alimentar uma ordem coletiva de silêncio em que o debate inexiste, o culto da verdade pronta ou da ignorância é a regra, bem como a apologia ao gesto de falar sem ter nada a dizer, que culmina no discurso tão vazio quando maldoso da fofoca, versão popular do eruditismo.
Não há muita diferença entre a mesa de bar e a mesa-redonda dos acadêmicos parafraseando qualquer filósofo clássico apenas pelo amor ao fundamentalismo exegético.
Enquanto todos falam sem nada dizer, ajudados pelo jornalista que repete o que se entende pela sacrossantificada “informação”, mercadoria da contra-reflexão atual, os coronéis podem comentar que os outros é que não sabem nada e praticar o “discurso verdadeiro” em seus artigos estilo “mais do mesmo”, moedinha cadavérica com que se enche o cofrinho das plataformas de medição de produtividade acadêmica em nossos dias.
O coronelismo intelectual infelizmente segue forte na filosofia e nas ciências humanas, na verdade dos especialistas, tanto quanto na dos ignorantes que se separam apenas por titulação ou falta dela. Professores e estudantes, sábios e leigos, todos se servem metodologicamente dos frutos dessa árvore apodrecida. A prática do pensamento livre que se autocritica e busca, consciente de sua inconsciência, seu próprio processo de autocriação talvez seja a contraverdade capaz de cortá-la pela raiz.
Intelectual serviçal
Eis a cultura do lacaio intelectual, do bom serviçal sempre pronto à reprodução do mesmo. Nela, a boa ovelha especialista em assinar embaixo as verdades do senhor feudal que um dia as emitiu num ritual de sacralização já não é fácil de distinguir do lobo. A semelhança entre o puxa-saco, o crente e o líder paranóico que o conduz revela a verdade do mimetismo. Os seguidores dos líderes, de rabinho entre as pernas, latem para mostrar que aprenderam bem o refrão.  Abanam as asas ao redor da lâmpada esperando que ela também fique onde está, do contrário não saberiam o que fazer.
As consequências do coronelismo em um país de antipolítica e anti-educação generalizadas como este é algo ainda mais grave do que o medo de pensar. É o fato de que já não se pensa mais. A ausência de debate não é medo de expor ideias, mas a falta delas. Inação é o corolário da impossibilidade de mudar, porque o campo das ideias onde surge a vida já foi minado. O coronel ri sozinho da impossibilidade de mudanças, pois ele ama a monocultura enquanto odeia o cultivo de ideias diferentes ou de ideias alheias. O autoritarismo intelectual não é feito apenas de ódio ao outro, mas da inveja de que haja exuberância criativa em outro território, em outra experiência de linguagem. Conservadorismo é seu nome do meio.
Coronelismo não é simplesmente a zona cinzenta onde não podemos mais distinguir o ignorante do culto, mas a política generalizada introjetada por todos – salvo exceções – pela letal dessubjetivação acadêmica da qual somos vítimas enquanto algozes e que, no campo do senso comum, surge como robotização e plastificação das pessoas entregues como zumbis aos mecanismos do nonsense geral, que, é preciso cuidar, deve ser aparentemente desejável pela liberdade de cada um.
Contra a escravidão intelectual somente um contradesejo pode gerar emancipação. A prática da invenção teórica, a liberdade da interpretação e de expressão nos obrigam a ir contra os ordenamentos da ditadura micrológica do cotidiano, em que a lei magna reza o “proibido pensar”. A direção, como se pode ver, parece que só se encontra, atualmente, no desvio dos caminhos dados.

FONTE:
http://revistacult.uol.com.br/home/2012/05/coronelismo-intelectual/

sábado, 19 de maio de 2012

A escola na luta contra a homofobia

A escola na luta contra a homofobia

Data internacional e Seminário LGBT ressaltam a importância da instituição no combate à discriminação contra os homossexuais

Mariana Queen . Colaborou Wellington Soares

Combate à homofobia. Ilustração: Victor Malta
Dados alarmantes sobre discriminação a homossexuais na escola vieram à tona no 9° Seminário Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - realizado na Câmara dos Deputados em 17 de maio de 2012, dia Internacional de Combate a Homofobia. Uma pequena (e triste) amostra:
- Mais de 40% dos homens homossexuais brasileiros já foram agredidos fisicamente durante a vida escolar, diz estudo da Unesco;
- Mais de um terço dos 15 mil alunos entrevistados para uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) procuram não chegar perto de homossexuais;
- 21% acham que estudantes homossexuais não são normais;
- 26% dizem não aceitar a homossexualidade.

Leia mais Como combater a homofobia

Também é desanimador constatar que possíveis mudanças a esse cenário estão em compasso de espera. O congelamento da discussão vem desde 2011, com o veto governamental ao material anti-homofobia (apelidado pelos críticos como "kit gay"), que os militantes da área veem como retrocesso.

Isso que não significa, claro, que as escolas estejam de braços cruzados. "Ações para a formação de professores sobre o tema têm sido disseminadas", afirma Cláudia Vianna, professora da Faculdade de Educação Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Gênero e Educação . "Entretanto, os materiais relacionados estão diluídos pelo Brasil e partem de iniciativas de ONGs, que apenas em alguns casos são incentivadas pelo governo".

É preciso destacar, ainda, que o trabalho não acaba com a simples distribuição de um livro didático ou com a criação de uma disciplina que trate do assunto. Um trabalho eficaz, capaz de diminuir o preconceito à homossexualidade de modo a ultrapassar os muros da escola, deve permear todo o currículo e as situações de gestão de conflitos. O lado positivo é que já percorremos parte dessa trilha: desde a década de 1990, Educação Sexual é tema transversal previsto nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). O lado ruim é que pouco disso saiu do papel. "Na prática, falta atenção à diversidade sexual e à percepção da sexualidade como resultado de um processo de socialização", argumenta Cláudia.

Retomar o caminho trilhado, portanto, é uma primeira providência indispensável ao combate à homofobia nas escolas. Também é preciso uma dose razoável de realismo. Afinal, o fim do problema depende de um longo processo de formação - não apenas dos alunos, mas também dos professores. Vale a reflexão: quantos docentes ainda acham que a homossexualidade é doença? "As mudanças com relação ao tema são lentas, porque envolvem valores sociais e disputa política por qualidade da Educação em diversos aspectos. Mas não podemos desistir delas", completa a especialista.

FONTE:
http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/escola-luta-homofobia-685317.shtml

Contra a produção serial do saber

Contra a produção serial do saber

Escrito por Fabiana Moraes   


A imagem clássica da linha de produção fordista, aquela em que uma série de trabalhadores bate um martelo sobre uma peça que mais à frente vai ser manipulada por outra fila de pessoas fardadas, apressadas e focadas no salário do final do mês, se contrapõe, simbolicamente, à ideia do intelectual que lança mão do tempo para maturar o pensamento. porém essa oposição, bem o sabem professores e pesquisadores, não só brasileiros, mas de outros países, há muito deixou de ser realidade: a constante chamada à ordem recebida pelos departamentos das mais variadas universidades, entidades de pesquisa e afins é prova disso. Funciona como na linha de produção: pesquisador escreve texto para revista, organiza provas, orienta alunos em mestrados e doutorados, participa de congressos, é chamado para bancas, coordena curso, pesquisador – acredite – até ministra aulas. Quem não consegue dar conta dessa realidade, que absurdo!, faça o favor de se ajustar ou não receberá incentivos (verbas). É uma medida que não atinge apenas professores e departamentos, mas alunos que deixam, por exemplo, de receber bolsas para fomentar seus estudos. Simples assim – mas não tanto.

O ato do pensar faz parte, hoje, do momento no qual ser como uma impressora multifuncional é o que torna sua sobrevivência possível. O produtivismo é a bola da vez, em detrimento de uma prática em que o esmero com o que está sendo levado ao conhecimento público fica em segundo plano. Termômetro disso é o enorme uso, entre pesquisadores, de um medicamento à base de cloridrato de metilfenidato, voltado a pessoas com déficit de atenção. Ele estimula o sistema nervoso central e suprime o sono, visto como um empecilho por quem tem que orientar, escrever artigos, participar de congressos e bancas, dar aulas...

Essa realidade é discutida num artigo, escrito no final de 2011, pela professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Maria Ester de Freitas, O pesquisador hoje: entre o artesanato intelectual e a produção em série, no qual lemos críticas duríssimas a respeito do “sistema de produção intelectual fordista”. “O professor-pesquisador-publicador-orientador é cada vez mais pressionado a ser um faz-tudo. Certamente, a sobrecarga de trabalho e o uso de seu tempo pessoal de férias e de finais de semana o tornam um apagador de incêndios, indo de um prazo a vencer a outro. A leitura e a reflexão, tão fundamentais no nosso métier, praticamente não encontram mais seu lugar em nossa rotina”, afirma.

Leia a matéria na íntegra na edição 137 da Revista Continente.

FONTE:
http://www.continenteonline.com.br/index.php/component/content/article/7202.html

Viagem ao nada - José Cláudio

Viagem ao nada

Escrito por José Cláudio   
Qua, 25 de Abril de 2012 18:57


Me dá certa inveja, ao sair de casa, ver, no que poderia ser uma praça, os impávidos e incólumes pés de jurubeba no seu viço e inocência, na sua tranquilidade do existir, de quem não vê o tempo passar. De vez em quando a prefeitura manda roçar o mato, jurubebas, carrapateiras, rabos-de-tatu, outro mato, esguio, flor branca e roxa de pétalas recurvadas, de cuja raiz se faz lambedor, muçambê, outra plantinha rasteira de linda flor branco-amarelada de miolo roxo que bota umas bolotas muito apreciadas pelos galos-de-campina, ocorrendo o mesmo com suas pétalas que somente permanecem abertas no sol e se fecham na sombra mesmo dia claro, basta uma nuvem, muito apreciadas, as pétalas, pelos sanhaçus, xanã é seu nome, quebra-pedra, vassourinha-de-botão com que minha avó Mãe Joquinha nos benzia em Ipojuca tempo de menino, bredo-de-espinho, até pé de jerimum, cuja flor só vi uma pessoa comer, o pintor Giuseppe Baccaro, ao natural. De vez em quando roçam tudo, quando virando uma mata, dá para esconder bandido, e outrem, como tem ocorrido: um meu vizinho viu, e tem testemunha, um casal no amplexo, se é que se pode chamar, “na posição que Napoleão perdeu a guerra”.

Há uma espécie de anêmona-do-mar que morre e ressuscita, recomeça do zero. Não sei se invejo tal destino. Não sei se, depois de algumas passagens pelo mundo, não nos batesse o cansaço; ou talvez valesse a pena reviver alguns momentos, embora sem o ineditismo: mas quem me garante não surgiriam novidades, sabendo-se que a vida é mais rica que nossa imaginação?

Invejo as telas em branco que me olham dos recantos do atelier e sei que sempre haverá algumas que me sobreviverão, na sua inteireza material, limpa de sonhos. Elas me olham eretas como a apresentar armas, prontas para o destino que nem eu nem elas ainda sabemos qual, em parte, como as “filhas do Sol” no Império Inca ou as futuras esposas do faraó, as virgens nos haréns à espera da convocação ou, como rês, do abate: sempre tenho telas à minha espera; natural que, quando eu morrer, algumas permaneçam intactas, quem sabe olhando para meu caixão ou para mim dentro dele, eu pensando nelas, como aquele vidraceiro ambulante do filme de Cocteau que em pleno outro mundo andava com uma ruma de lâminas de vidro nas costas apregoando “Vitrier! Vitrier!”, não tendo ainda “caído a ficha”, durante algum tempo depois de ter morrido. E não somente as telas mas as portas, as janelas, os vidros da janela, as paredes, o piso de Brennand, as telhas que comprei na demolição da Maternidade Barão de Lucena assim como pias e alguns vasos sanitários, os caibros de maçaranduba, esta cadeira de plástico onde estou sentado: todos esses objetos já estão num estado muito avançado em relação a nós viventes angustiados entre a vida e a morte.

Me vem que essas telas em branco servirão ao meu filho Mané, também pintor, ou à neta Juliana, que gosta de pintar, como se eles, pintando nelas, me devolvessem à vida, igual àquela anêmona-do-mar, assim como, pintando, trago à vida os pintores que vieram antes, desde os rupestres. Enfim, que essas telas não me deixarão tão abruptamente. Mas voltando às jurubebas, a se deliciarem, no tempo sem fim em que se inserem, sorvendo-o através de seu corpo formado de espinhos e folhas e talos e flores e frutos, o tempo perene sem noção de cronologia, ausentes de uma vida em si, valendo, sei lá, a da espécie, a do mundo todo, esse feliz não-existir, situação que imagino ter provado recentemente durante frações de segundo. Eu ia num táxi, no banco da frente ao lado do motorista. Sempre ando no “lugar do morto”. Tinha saído de casa. No meio da manhã. Fazer as coisas de sempre, tirar dinheiro, comprar lona, brocha de cobre, bucha para limpar pincéis, algum pagamento, a rotina. Ia pela Rua Luiz de Carvalho, Olinda, o caminho normal, no sentido mar, para pegar a Getúlio Vargas. Sol limpo, céu azul, nesga de nuvem, e tive essa, digamos, revelação. De que não existia nem céu azul, nem aquela nesga de nuvem, nem o calçamento ou asfalto onde o carro andava, nem o carro, nem eu no carro nem indo para canto nenhum. E que nada existia. Nem nunca existiu. E isso dava, pelo contrário, uma total plenitude, sendo eu o universo inteiro em todas as suas mínimas vibrações as mais longínquas de todo o sempre.

fonte:
http://www.continenteonline.com.br/index.php/component/content/article/7205.html

sexta-feira, 11 de maio de 2012

"AMOR DE MÃE NÃO SE COMPRA"

"AMOR DE MÃE NÃO SE COMPRA"

Nos dias de hoje
Ninguém presta mais atenção
quando chega o dia das mães
eles só querem que a gente gaste de montão.

Eles querem nos iludir,
mas estão muito enganados,
pensam que a gente tem muito dinheiro
pra gastar pra todo lado.

O dia das mães é uma data
para celebrar com amor e carinho
e não com propagandas de lojas
achando que somos bobinhos.

Eu não gosto dessas propagandas
que gostam de enganar.
Por causa de nossas mães
eles querem só ganhar.

Fabrícia,
Gabriela,
Talita Maiara
Thaís e
Zita

Alunas do 8o. Ano A - Tarde
(Escola Lucinalva Aragão - Santa Cruz do Capibaribe)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Mariana Aydar - Preciso do Teu Sorriso

Festival Pernambuco Nação Cultural em Caruaru

Confira a programação do Festival Pernambuco Nação Cultural em Caruaru

Da redação do jornalextra.com.br
A caravana do Festival Pernambuco Nação Cultural (FPNC) aporta entre os dias 14 e 20 de maio em Caruaru, levando apresentações artístico-culturais e atividades de formação para diversos pontos da cidade. O evento é uma realização do Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura (Secult-PE) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), com o apoio da Prefeitura de Caruaru.
A grade de shows do Palco Nação Cultural, montado na Estação Ferroviária, contempla desde artistas locais até expoentes da moderna MPB. Na quinta-feira (17), a partir das 21h, abrem a noite, a cantora Rogéria e, na sequência, o grupo Babi Jaques e Os Sicilianos. Caruaruense aclamado pela crítica nacional e autor de vários sucessos gravados por nomes como Marcelo Jeneci, Ortinho é o terceiro artista a subir ao palco. Fecham a noite, como o Jornal Extra de Pernambuco já havia anunciado que estaria entre as atrações, a dupla Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra, que juntos apresentarão canções do projeto “A Curva da Cintura”.
Na sexta-feira (18) as atrações são Bongar e BejaminTaubkin, Erisson Porto e o grupo Sangue de Barro. A noite termina com o cantor Otto e sua coleção de sucessos já conhecidos do grande público. No sábado (19) o Palco Nação Cultural recebe uma grande homenagem ao Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Na programação estão Seu Luiz e Os Comparsas, Valdir Santos (com participação de Azulão), João Silva, Hebert Lucena e, finalizando a noite, Israel Filho. Todos os dias nos intervalos e após a última atração, a DJ Lala K comanda as pick’ups com um set list que promete agradar a todos os públicos.
SHOWS

PALCO NAÇÃO CULTURAL
Local: Estação Ferroviária

Quinta-feira, 17/05 – 21h
Rogéria
Babi Jaques e Os Sicilianos
Ortinho
A Curva da Cintura, com Arnaldo Antunes & Edgard Scandurra
DJ Lala K (Intervalos e fechamento)

Sexta-feira, 18/05 – 21h
Bongar & Benjamin Taubkin
Erisson Porto
Sangue de Barro
Otto
DJ Lala K (Intervalos e fechamento)

Sábado, 19/05 (Homenagem a Luiz Gonzaga) – 20h
Seu Luiz e Os Comparsas
Valdir Santos (com participação de Azulão)
João Silva
Hebert Lucena
Israel Filho
DJ Lala K (Intervalos e fechamento)

CORETO
Local: Estação Ferroviária

Quinta-feira, 17/05 – 17h
Bartô
La Cambada
Caapora
A Horta

Sexta-feira, 18/05 – 17h
Tuta Filho
Barca Bella
Pablo Patriota
Juliano Holanda

Sábado, 19/05 – 16h
Didi de Caruaru
Renilda Cardoso
Almério
Zabumba Bacamarte


PALCO GARAGEM
Local: Estação Ferroviária

Terça-feira, 15/05 – 20h
Irmandade 1
Consciência Nordestina
Bira e O Bando
Tiger

Quarta-feira, 16/05 – 20h
KintoKarma
Tio Xico HC
Alkymenia
Devotos


MARCO ZERO
Sexta-feira, 18 de maio – 16h
Cortejo Escola Gigante do Samba


PARQUE SEVERINO MONTENEGRO
Sábado, 19 de maio – 17h
Espetáculo de Teatro Caxuxa (Duas Companhias)
Sucateando
Saracotia

Domingo, 20 de maio – 17h
Espetáculo de Teatro Ato (Grupo Magiluth)
Mozart Vieira e A Trupe da Boa Música
Areia e Grupo de Música Aberta

PROGRAMAÇÃO GERAL

Terça-feira, 15 de maio
20h – Espetáculo de Teatro “Entre Nós”
Local: Sesc Caruaru

13h e 15h – Palestra sobre Cineclubismo e exibição do filme “O Homem que engarrafava nuvens”
Local: Presídio Juiz Plácido de Souza

Quarta-feira, 16 de maio
20h – Espetáculo de Dança “Catrevage”
Local: Sesc Caruaru

19h – Mostra Cinema na Estrada
Local: Malhada da Pedra
Programação:
Cinema Americano (Ficção, 15 min), de TacianoValério
Até o Sol Raiá (animação, 12 min), de Fernando Jorge e Leonardo Amorim
Vou estraçaiá (Documentário, XX min), de Tiago Leitão
Poesia em Alto Relevo (Documentário, 08 min), de Marcia Mansur e Hanna Godoy
Jumento Santo e a cidade que acabou antes de começar (Animação, 11 min), de Leo D. e Willian Paiva
Ave Maria ou Mãe dos Sertanejos (Documentário, 12 min), de Camilo Cavalcante
Até o sol raiá (Animação, 12 min), de Fernando Jorge e Leonardo Amorim

17h – Encontro de Bois (Tira Teima, Surubim e Seu Vavá)
Local: Cohab III

10h – Roda de Debate: Cultura e Identidade Camponesa
Local: Assentamento Normadia

18h – Mostra Cinema na Terra (Terra para Rose)
Local: Assentamento Normadia

17h – Apresentação de Banda Filarmônica
Local: Malhada da Pedra

Quinta-feira, 17 de maio
15h – A história de um grande mestre
Local: Presidio Juiz Plácido de Souza

20h – Espetáculo de Teatro “O Auto da Compadecida”
Local: Sesc Caruaru

19h – Mostra Cinema na Estrada
Local: São João da Escócia

10h – Roda de Debate: Cultura e Mobilização Social
Local: Assentamento Normadia

19h – Noite Literária (Cordelistas/Poetas/Repentistas)
Local: Assentamento Normadia

18h – Cortejo de Pifeiros com Novena
Local: Alto do Moura (Próximo a Igreja)

17h – Apresentação de Banda Filarmônica
Local: São João da Escócia

Sexta-feira, 18 de maio
16h – Intervenção Urbana – Cardápio do Corpo – Projeto Antídoto
Local: Vila Padre Inácio (Mutirão)

17h – Espetáculo de Circo “Brincadeiras de Palhaço”
Local: Praça da Criança

08h e 10h – Mostra Cinema na Estrada
Local: Funase e Cenip

19h – Mostra Cinema na Estrada
Local: Baixo Alto do Moura (Praça do Artesão)

17h – Encontro de Mazurca – Homenagem aos mestres Lauro Ezequiel e Rainha Dona Amara
Local: Baixo Alto do Moura

19h – Noite Musical (Violeiros/Forró Pé-de-Serra/Pandeiristas)
Local: Assentamento Normandia

10h e 17h – Trupe do Patrimônio
Local: Funase e Cohab III

17h – Apresentação de Banda Filarmônica
Local: Vila Padre Inácio (Mutirão)

Sábado, 19 de maio
06h – Cultura Livre nas Feiras
Apresentações musicais: Grupo de Cegos, Banda de Pífanos Cultural, Grupo Boneco de Barro
Local: Feira de Frutas e Verduras – Parque 18 de Maio

16h – Intervenção Urbana – Cardápio do Corpo – Projeto Antídoto
Local: Feira de Ervas (Feira de Caruaru)

19h – Exibição dos curtas “Texas Hotel”, “Cinema Americano” e “Elisa” seguido de debate com o cineasta Cláudio Assis, Rutílio Oliveira, Taciano Valério e Alice Gouveia
Local: Casa da Cultura

16h – Encontro de Bacamarteiros e Trios Pé-de-Serra
Local: Baixo Alto do Moura

15h – Exposição Gastronômica
Local: Assentamento Normandia

08h e 16h – Trupe do Patrimônio
Local: Feira de Caruaru e Centenário (Praça do Cras)

PATRIMÔMIO

Quarta a sábado, 16 a 19 de maio
Pernambuco na Memória
Local: Feira de Caruaru, Cohab III, Alto do Moura, Centenário, Presídio Juiz Plácido e Funase.

Terça a sábado, 15 a 19 de maio
Postais da Memória
Local: Feira de Caruaru, Cohab III, Alto do Moura, Centenário, Presídio Juiz Plácido e Funase.

ARTES VISUAIS

Terça a sábado, 15 a 19 de maio
Exposição Tipos Latinos
Local: Estação Ferroviária

FOTOGRAFIA

Terça a sábado, 15 a 19 de maio
Exposição do IV e V Concurso Pernambuco Nação Cultural
Local: Estação Ferroviária

Terça a sábado, 15 a 19 de maio
Exposição de Rua| Projeção do projeto Arte na Feira
Local: Feira da Sulanca, Parque 18 de Maio, Estação Ferroviária

ARTESANATO

Segunda a domingo, 14 a 20 de maio
Unidade Móvel do Programa de Artesanato de Pernambuco (PAPE)
Local: Estação Ferroviária

LITERATURA

Quinta-feira, 17 de maio
9h – A gente da palavra
Recitação de casa em casa com os poetas Miró, Valmir Jordão, Paulo Pereira, Damião
Local: Centenário

Praça das Letras – Polo Literatura
Local: Praça Chico Porto – Bairro Maurício Nassau
16h – Mini-feira Literária
Programa Pernambucano de Circulação do Livro
16h – Encontro de Cordelistas
Participação: Espingarda do Cordel, VassulaHermelinda, Val Tabosa, Olegário Filho
18h – Encontro de Poesia Oral
Participação: Reginaldo Melo, Rogério Menezes, Raudenio Lima, Nerisvaldo Alves, Mestre Dila e DorgeTabosa
Mediação: Herlon Cavalcanti
20h – Encerramento com os violeiros Josenildo França e Antônio Marcos

Sexta-feira, 18 de maio
9h – A gente da palavra
Recitação de casa em casa com os poetas Miró, Valmir Jordão, Paulo Pereira, Damião
Local: Centenário

Praça das Letras – Polo Literatura
Local: Praça Chico Porto – Bairro Maurício Nassau
16h – Mini-feira Literária
16h – Encontro de Cordelistas de Caruaru
Participação: Bacurim do Cordel, Luciano Dionisio, Mabel Cavalcanti e Marcionilo

fonte:
http://www.jornalextra.com.br/portal/blog/2012/05/10/confira-a-programacao-completa-do-festival-pernambuco-nacao-cultural-em-caruaru/

quarta-feira, 9 de maio de 2012

PROGRAMAÇÃO - CARUARU SÃO JOÃO 2012


SÃO JOÃO DE CARUARU/2012

Sábado (2)

Joaquim Gonzaga

Dominguinhos

Elba Ramalho

Cavaleiros do Forró

Domingo (3)

Silvério Pessoa

Pinga Fogo

Anjo Azul

Terça (5)

Herbert Lucena

Fabiana Pimentinha

Irah Caldeira

Quarta (6)

Gilvan Neves

Josildo Sá

Capa de Sela

Quinta (7)

Liv Moraes

Renilda Cardoso

Adelmário Coelho

Sexta (8)

Trio Forró Quentão

Soxote “A”

Capim com Mel

Toca do Vale

Sábado (9)

Chiclete com Banana

Flor de Mandacarú

Flávio José

Matruz com Leite

Domingo (10)

Maestro Forró

Forró dos Plays

Aviões do Forró

Terça (12)

Mel com Terra

Cavalo de Pau

Moleca Sem Vergonha ou Noda de Caju

Quarta (13)

Rosimar Lemos

Guardiões do Forró

Paulinho Leite

Quinta (14)

Noite da Igreja Católica

Sexta (15)

Benil

Alcymar Monteiro

Forró do Bom

Calypso

Sábado (16)

Arreio de Ouro

Ítalo & Reno

Flávio Leandro

Petrucio Amorim

Limão com Mel

Domingo ( 17)

Targino Gondim

Maciel Melo

Caviar com Rapadura

Terça (19)

Jailson Rosset

Heleno dos 8 Baixos

Vilões do Forró

Quarta (20)

Show Gospel (Igrejas Evangélicas)

Quinta (21)

Caruforró

Amazan

Pick-Up Turbinada

Sexta (22)

Gean Mota

Israel Filho

Cezzinha

Geraldinho Lins

Sábado (23)

Brasas do Forró

Azulão

Jorge de Altinho

Santana

Forró da Pegação

Domingo (24)

Camarão

Zé Ramalho

Elifas Júnior

Terça (26)

Didi de Caruaru

Erisson Porto

Forró do Muído

Quarta (27)

Deto Ortis

Toque Nordestino

Santropê

Quinta (28)

Banda Alternativa

Clã Brasil

Assum Preto

Michel Teló

Sexta (29)

Gatinha Manhosa

Estaca Zero

Margarete Menezes

Brucelose

Sábado (30)

Garota Safada

Waldones

Forró Real

Magníficos

segunda-feira, 7 de maio de 2012

UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES - CLARICE LISPECTOR




Clarice Lispector é o principal nome de uma tendência intimista da moderna literatura brasileira. Sua obra apresenta como principal eixo o questionamento do ser, o 'estar-no-mundo', o intimismo, a pesquisa do ser humano, resultando no chamado romance introspectivo. 'Não tem pessoas que cosem para fora Eu coso para dentro', assim explicava a autora o seu ato de escrever. Nesse eterno questionar, a obra da romancista apresenta uma certa ambiguidade, um jogo de antíteses marcado pelo eu e pelo não-eu, o ser e o não ser, já notado, de outra forma, na obra de Guimarães Rosa.

No nível da linguagem, percebe-se também em Clarice Lispector uma certa preocupação com a revalorização das palavras, dando-lhes uma roupagem nova, explorando os limites do significado, ao mesmo tempo que trabalha metáforas e aliterações. Há inclusive uma preocupação muito grande com aquilo que está escrito sem o uso da palavra, o que está nas entrelinhas.

Essa literatura introspectiva, intimista, vem se colocar como uma tendência na prosa moderna do Brasil, afastando-se mais do social, do retrato da sociedade em crise, para a crise do próprio indivíduo, sua consciência e inconsciência.

Resumo 1.

A obra apresenta um narrador em terceira pessoa e tem como personagem principal uma mulher, cujo nome é Loreley, mas é chamada de Lóri. Lóri é de família de posses, de origem agrária. Vive no Rio de Janeiro, separada da família, sozinha, trabalhando como professora primária. Para manter um padrão de vida acima das possibilidades de uma professora, Lóri recebe mesada do pai.
Vejamos o começo da obra:

,estando tão ocupada, viera das compras de casa que a empregada fizera às pressas porque cada vez mais matava o serviço, embora só viesse para deixar almoço e jantar prontos[...]

Este início, com uma vírgula antes de qualquer palavra, e, na sequência, um período longo, aparentemente incompleto, sem 'começo', faz parte da estrutura formal da obra e demonstra um dos traços dominantes na obra de Clarice Lispector: a preocupação com a escrita, com as possibilidades de as palavras representarem [ou não] as sensações, as percepções, enfim, a condição humana. No livro em estudo, este início fragmentado pode ser interpretado da seguinte maneira: a narrativa apanha um determinado momento da personagem Lóri. Ou seja, o livro fala sobre Lóri a partir daquele momento em que ela estava ocupada, pensou na empregada, etc. O que veio antes daquele momento, disto a narrativa não se ocupa. O ponto de partida é aqui: , estando ocupada... Assim, este livro capta um momento de Lóri, nem antes, nem depois. A representação parcial da vida de Lóri, dá-se, no plano da escrita, por uma parcialidade formal: o romance começa com uma vírgula e termina com dois pontos. Aqui está o final do livro:

-Eu penso, interrompeu o homem e sua voz estava lenta e abafada porque ele estava sofrendo de vida e de amor, eu penso o seguinte:

Posta nestes termos, a narrativa dá a ideia de continuidade: Lóri, sua vida, seu mundo, existiam antes e existirão depois do livro.

Não é uma história de amor comum. Logo na primeira página do livro, sabemos que Lóri mantém um relacionamento com Ulisses [tendo um encontro com ele, busca entre as suas roupas um vestido para ficar 'atraente']. As características deste relacionamento vão sendo desvendadas ao longo da narrativa. Ulisses é professor universitário de filosofia. Aos poucos vamos sabendo que Lóri está 'aprendendo a amar', ou a 'ter prazer', com Ulisses. São vários os momentos narrativos em que isto fica explícito: ela está sendo 'preparada para a liberdade por Ulisses', 'Ulisses determinará quando ela estará pronta para dormir com ele'.

A aprendizagem de que nos fala o título é o caminho que percorre Lóri enquanto dura a narrativa. Este processo terá sua conclusão quando Lóri estiver 'pronta' para dormir com Ulisses. Não se pense que este 'pronta' significa uma virgem preparando-se para seu primeiro amor. Lóri já teve outros amantes, que ela desqualifica, não como amantes, mas como relacionamentos inconsistentes ou superficiais. Trata-se de, com Ulisses, aprender ou descobrir o prazer para além do meramente sexual: algo como um amor total, com a personagem sentindo-se 'plena'. Esta é a travessia do livro, a trajetória a ser percorrida pela personagem. Em meio a este percurso, Lóri tem que se haver com inseguranças, medos, hesitações, encontros e desencontros com Ulisses: é a angústia d busca. Trata-se de uma busca que, a esta altura, não se resume apenas no ato de 'dormir' com Ulisses. Lóri pretende dar um 'passo à frente' na sua vida. O relacionamento com Ulisses, cujo ápice se dará quando estiver 'pronta', recobre-se de um significado especial, uma 'plenitude'. Depois de vários encontros nos quais conversavam sobre a 'aprendizagem' de Lóri, Ulisses diz a ela, num dado momento que, a partir daquele momento, não mais a procurará. Ela está 'pronta'. Ela sabe os seus horários de aulas, sabe os momentos em que ele estará em casa. Ulisses diz que vai esperá-la, querendo que ela não telefone avisando: 'Queria que você, sem uma palavra, apenas viesse'. A decisão de Ulisses causou um primeiro impacto em Lóri, que hesitou, demorou, mas numa madrugada chuvosa, estando 'mansamente feliz', teve o desejo: imediatamente, sem sequer trocar a roupa, apanhou um táxi, vestida com uma camisola, e foi até a casa de Ulisses. Amaram-se. Falam em filhos e casamento. Segue-se um diálogo no qual Lóri e Ulisses conversam sobre o amor, sexo, solidão, Deus e a obra termina com a frase em letras itálicas acima.

Resumo 2.

Baseia-se na história de Loreley [apelido:Lóri], professora primária que passa a viver no RJ após sair da casa de seus pais, em Campos. De família rica, com quatro irmãos homens, tinha suas regalias por ser a única filha mulher.

Ela conhece Ulisses, professor de filosofia, numa noite em que esperava um táxi e ele lhe ofereceu carona. A partir daí, após ter tido outras experiências amorosas, esta era realmente verdadeira. Ela amava pela primeira vez e tinha que passar por este processo de aprendizagem desse novo sentimento, o qual ela tinha de aceitar.

É o último romance de Clarice Lispector que trata do mundo puramente feminino, pelo menos na superfície [e no qual, significativamente, a protagonista avançou anos em relação direta com a autora].

Tem um título quase documentário: 'Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres'. A obra esmiúça as dúvidas e anseios de Lóri, que pela primeira vez experimenta o amor e o prazer, mas tem medo de perder a própria identidade no processo. O processo, naturalmente, é a sua lenta e não raro, solitária aprendizagem, através da qual ela logra com sucesso sintetizar os extremos antes irreconciliáveis de independência [ sua vida pessoal ] e dependência [ o amor ou o vínculo matrimonial ].
FONTE:
http://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/uma-aprendizagem-ou-o-livro-dos-prazeres.html

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Patativa do Assaré, um pouco de sua história.

Antônio Gonçalves da Silva, dito Patativa do Assaré, nasceu a 5 de março de 1909 na Serra de Santana, pequena propriedade rural, no município de Assaré, no Sul do Ceará. É o segundo filho de Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva. Foi casado com D. Belinha, de cujo consórcio nasceram nove filhos. Publicou Inspiração Nordestina, em 1956,  Cantos de Patativa, em 1966. Em 1970, Figueiredo Filho publicou seus poemas comentados Patativa do Assaré. Tem inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais. Está sendo estudado na Sorbonne, na cadeira da Literatura Popular Universal, sob a regência do Professor Raymond Cantel. Patativa do Assaré era unanimidade no papel de poeta mais popular do Brasil. Para chegar onde chegou, tinha uma receita prosaica: dizia que para ser poeta não era preciso ser professor. 'Basta, no mês de maio, recolher um poema em cada flor brotada nas árvores do seu sertão', declamava.
   Cresceu ouvindo histórias, os ponteios da viola e folhetos de cordel. Em pouco tempo, a fama de menino violeiro se espalhou. Com oito anos trocou uma ovelha do pai por uma viola. Dez anos depois, viajou para o Pará e enfrentou muita peleja com cantadores. Quando voltou, estava consagrado: era o Patativa do Assaré. Nessa época os poetas populares vicejavam e muitos eram chamados de 'patativas' porque viviam cantando versos. Ele era apenas um deles. Para ser melhor identificado, adotou o nome de sua cidade.
   Filho de pequenos proprietários rurais, Patativa, nascido Antônio Gonçalves da Silva em Assaré, a 490 quilômetros de Fortaleza, inspirou músicos da velha e da nova geração e rendeu livros, biografias, estudos em universidades estrangeiras e peças de teatro. Também pudera. Ninguém soube tão bem
cantar em verso e prosa os contrastes do sertão nordestino e a beleza de sua natureza. Talvez por isso, Patativa ainda influencie a arte feita hoje. O grupo pernambucano da nova geração 'Cordel do Fogo Encantado' bebe na fonte do poeta para compor suas letras. Luiz Gonzaga gravou muitas músicas dele, entre elas a que lançou Patativa comercialmente, 'A triste partida'. Há até quem compare as rimas e maneira de descrever as diferenças sociais do Brasil com as músicas do rapper carioca Gabriel Pensador. No teatro, sua vida foi tema da peça infantil 'Patativa do Assaré - o cearense do século', de Gilmar de Carvalho, e seu poema 'Meu querido jumento', do espetáculo de mesmo nome de Amir Haddad. Sobre sua vida, a obra mais recente é 'Poeta do Povo - Vida e obra de Patativa do Assaré' (Ed. CPC-Umes/2000), assinada pelo jornalista e pesquisador Assis Angelo, que reúne, além de obras inéditas, um ensaio fotográfico e um CD.
  Como todo bom sertanejo, Patativa começou a trabalhar duro na enxada ainda menino, mesmo tendo perdido um olho aos 4 anos. No livro 'Cante lá que eu canto cá', o poeta dizia que no sertão enfrentava a fome, a dor e a miséria, e que para 'ser poeta de vera é preciso ter sofrimento'.
  Patativa só passou seis meses na escola. Isso não o impediu de ser Doutor Honoris Causa de pelo menos três universidades. Não teve estudo, mas discutia com maestria a arte de versejar. Desde os 91 anos de idade com a saúde abalada por uma queda e a memória começando a faltar, Patativa dizia que não escrevia mais porque, ao longo de sua vida, 'já disse tudo que tinha de dizer'. Patativa morreu em 08 de julho de 2002 na cidade que lhe emprestava o nome.


Aos poetas clássicos
PATATIVA DO ASSARÉ
                                    Poetas niversitário,
                                    Poetas de Cademia,
                                    De rico vocabularo
                                    Cheio de mitologia;
                                    Se a gente canta o que pensa,
                                    Eu quero pedir licença,
                                    Pois mesmo sem português
                                    Neste livrinho apresento
                                    O prazê e o sofrimento
                                    De um poeta camponês.
                                      Eu nasci aqui no mato,
                                    Vivi sempre a trabaiá,
                                    Neste meu pobre recato,
                                    Eu não pude estudá.
                                    No verdô de minha idade,
                                    Só tive a felicidade
                                    De dá um pequeno insaio
                                    In dois livro do iscritô,
                                    O famoso professô
                                    Filisberto de Carvaio.
 
                                    No premêro livro havia
                                    Belas figuras na capa,
                                    E no começo se lia:
                                    A pá — O dedo do Papa,
                                    Papa, pia, dedo, dado,
                                    Pua, o pote de melado,
                                    Dá-me o dado, a fera é má
                                    E tantas coisa bonita,
                                    Qui o meu coração parpita
                                    Quando eu pego a rescordá.
 
                                    Foi os livro de valô
                                    Mais maió que vi no mundo,
                                    Apenas daquele autô
                                    Li o premêro e o segundo;
                                    Mas, porém, esta leitura,
                                    Me tirô da treva escura,
                                    Mostrando o caminho certo,
                                    Bastante me protegeu;
                                    Eu juro que Jesus deu
                                    Sarvação a Filisberto.
 
                                    Depois que os dois livro eu li,
                                    Fiquei me sintindo bem,
                                    E ôtras coisinha aprendi
                                    Sem tê lição de ninguém.
                                    Na minha pobre linguage,
                                    A minha lira servage
                                    Canto o que minha arma sente
                                    E o meu coração incerra,
                                    As coisa de minha terra
                                    E a vida de minha gente.
 
                                    Poeta niversitaro,
                                    Poeta de cademia,
                                    De rico vocabularo
                                    Cheio de mitologia,
                                    Tarvez este meu livrinho
                                    Não vá recebê carinho,
                                    Nem lugio e nem istima,
                                    Mas garanto sê fié
                                    E não istruí papé
                                    Com poesia sem rima.
 
                                    Cheio de rima e sintindo
                                    Quero iscrevê meu volume,
                                    Pra não ficá parecido
                                    Com a fulô sem perfume;
                                    A poesia sem rima,
                                    Bastante me disanima
                                    E alegria não me dá;
                                    Não tem sabô a leitura,
                                    Parece uma noite iscura
                                    Sem istrela e sem luá.
 
                                    Se um dotô me perguntá
                                    Se o verso sem rima presta,
                                    Calado eu não vou ficá,
                                    A minha resposta é esta:
                                    — Sem a rima, a poesia
                                    Perde arguma simpatia
                                    E uma parte do primô;
                                    Não merece munta parma,
                                    É como o corpo sem arma
                                    E o coração sem amô.
 
                                    Meu caro amigo poeta,
                                    Qui faz poesia branca,
                                    Não me chame de pateta
                                    Por esta opinião franca.
                                    Nasci entre a natureza,
                                    Sempre adorando as beleza
                                    Das obra do Criadô,
                                    Uvindo o vento na serva
                                    E vendo no campo a reva
                                    Pintadinha de fulô.
 
                                    Sou um caboco rocêro,
                                    Sem letra e sem istrução;
                                    O meu verso tem o chêro
                                    Da poêra do sertão;
                                    Vivo nesta solidade
                                    Bem destante da cidade
                                    Onde a ciença guverna.
                                    Tudo meu é naturá,
                                    Não sou capaz de gostá
                                    Da poesia moderna.
 
                                    Dêste jeito Deus me quis
                                    E assim eu me sinto bem;
                                    Me considero feliz
                                    Sem nunca invejá quem tem
                                    Profundo conhecimento.
                                    Ou ligêro como o vento
                                    Ou divagá como a lêsma,
                                    Tudo sofre a mesma prova,
                                    Vai batê na fria cova;
                                    Esta vida é sempre a mesma.

Foto: Luiz Edmundo Alves
Foto: Luiz Edmundo Alves
Foto:Luiz Edmundo Alves
Foto: Luiz Edmundo Alves
Foto: Luiz Edmundo Alves