Quem sou eu

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Posso ser séria, brincalhona, distraída, chata, abusada, legal,ótima, travosa (como diz um grande amigo) isso depende de você, de mim, do dia ou da situação. Quer mesmo saber quem sou eu? Precisa de mais proximidade. Gosto de ler e escrever, embora nem sempre tenha tempo suficiente para tais práticas. Gosto de tanta coisa e de tantas pessoas que não caberiam aqui se a elas fosse me referir uma por uma. Acho a vida um belo espetáculo sem ensaios onde passeamos dia a dia a procura da felicidade. Para falar mais de mim profissionalmente: Sou professora. Graduada em Letras-FAFICA. Atualmente estudo sobre Leitura Literária no Ensino Fundamental. Atuo no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

PAREM DE FALAR MAL DA ROTINA - ELISA LUCINDA


Novidade que alegra a alma
Parem de Falar Mal da Rotina - da escritora, atriz, cantora Elisa Lucinda

Um banho de alto-astral! O espetáculo que já foi assistido por mais de 1 milhão de espectadores agora em livro. Em setembro de 2002 nascia a peça Parem de falar mal da rotina no Teatro Carlos Gomes (RJ) num horário alternativo e a preços populares. Logo nas primeiras semanas ela mostrou a que veio, alcançando enorme sucesso de público e crítica. A cerimônia de repeti-lo todos os dias especializou sua criadora na arte de estreá-lo diariamente. É uma nova peça todos os dias e é sempre um Parem mais atualizado e mais contemporâneo a cada temporada. Como uma obra aberta, tudo de rico e “ensinante” que ocorre na vida a todo o momento cabe e se transforma.
Desde o início, o espetáculo demonstrou ter um componente que “vicia” e se tornou comum encontrar em todas as apresentações pessoas que voltavam várias vezes, ora com familiares, amigos, namorados ou mesmo sozinhos. E logo seguiram os depoimentos de gente que dizia que, a partir dele, assumiram uma postura e mudaram suas vidas. Em Barcelona, onde fez quase cem apresentações, uma senhora disse à Elisa que trocara suas pílulas antidepressivas por uma sessão diária do espetáculo. A verdade é que o Parem tem seguidores, fã-clube, Orkut e discípulos. Amado por reis e plebeus, gargalhado por gregos e baianos, emocionado e chorado por crianças, sogras, pais, noras, mulheres, maridos de todas as classes e, de platéia sortida, esse espetáculo, agora adaptado para livro, te convida a desvendar o seu segredo. Vem!

Abaixo temos um trecho do livro.

Ensina-me a viver

Escrevo
esta numa segunda-feira que se deu esplendorosa. Era, como todos, um
dia diferente. Desde que nascera, reparei na barra dele em babados de
espessas nuvens a cobrir a base do Morro Dois Irmãos que, de lá, pisca
para minha ladeira. A manhã, eu a tudo vi, parecia uma menina vestida de
senhora, mas, aos poucos, foi descortinando seus véus e uma
transparente membrana de neblina e tule se espalhara sobre o céu prata.

O
luminoso nublado dia de hoje avançara com seu grafite leitoso e seus
discretos ventos frios, até o meio da tarde em franca antagonia aos
lampejos de azuis, que tentavam mudar de tom a paisagem. O fog, aquela
fumacinha que se vaporiza sobre a cena, fazia incríveis coberturas e,
qual ilusão, desaparecia com montanhas, lagoas, árvores e recortes.
Devagar, porém de repente, está tudo nítido, brilhoso outra vez!

No
azul, dava até para nomear pássaros. Vêm micos na minha janela à
procura de banana e os carros, enquanto tudo rola na natureza, zanzam
pelas ruas entre buzinas, pressas, semáforos e outras sinalizações que
fazem o mundo funcionar. Está reluzente o mundo que admiro. No entanto
de novo sobre tudo, a mesma abóboda clara, a grande concha acústica que
nos cobre no teatro da vida é tomada agora por um clima escurecedor, uma
espécie de sombra de algodão negro, uma nuvem sinistra que caminha em
direção à nossa casa.

Ouve-se o som. Poderia dar medo, mas não. É
Djavan que toca no meu rádio e o que se mistura à percussão musical são
os pingos da chuva que todo aquele aparato celeste quisera anunciar
desde cedo. Era tudo para ela. O que vi, o que no firmamento se sucedera
era pretexto da chuva e para a chuva. Toda aquela organização, o elenco
de brisas, mares, pássaros e árvores que nem citei aqui, também estão
na peça. Poderia ser ficção, mas é real e esse é o cenário
que vejo
daqui, donde escrevo, numa cadeira disposta diante da mesinha branca de
ferro, numa quina de varanda florida que parece uma nave jardim.

Daqui
de cima, depois dos oréganos, beijos, avencas, tapetes, orquídeas,
azaleias, lavandas, rosas, coentros e manjericões que estão em primeiro
plano em um jardim suspenso, assisto e navego na paisagem do dia lá fora
até que a noite chegue, em sua madrugada eu me deite e durma para o
novo dia. É setembro, é espetacular viver, tudo parece um circo, uma
novela, um cinema, um filme, um programa de TV e é sobre isso este
livro. Sobre a dramaturgia dos dias que ocorrem em nossa vida; capítulos
de folhetim que não cessam de inspirar aos novelistas e romancistas de
plantão. E sob tais roteiros respiram nossos motivos.

A câmera
dos olhos possui alguns bons recursos: foca, enquadra, escolhe, exclui,
desfoca. Pelas janelas dos olhos e de outros sentidos, pois cada sentido
possui suas janelas por onde passa o mundo, assistimos e atuamos nesta
grande obra aberta que é a vida; este imenso folhetim com direito a
cenário e toda a ficha técnica de qualquer grande produção. Com a
sofisticação da dramaturgia da vida que supera, inúmeras vezes, em
impacto e melodrama, muitas ficções, e nos cabe a missão de aprender a
estrear nela sempre, como fazem o sol, a lua e outros milenares astros.

Pois,
como coisa viva e determinante que é, quem levantou toda esta onda fora
uma despretensiosa peça teatral - P arem de falar mal da rotina - que
jamais imaginei que um dia fosse virar literatura. Era também de um
setembro a primavera em que a montamos, há oito anos. Quando Amir Hadad,
ao dirigir o lindo Teatro Carlos Gomes, me convidou para fazer uma peça
que formasse plateia no horário alternativo, no centrão do Rio daquela
praça Tiradentes, eu não sabia o que me esperava.

Que tipo de
acaso, combinado com minha decisão de aceitar tal convite, terá gerado
tão extensa missão? Recém-chegada da Espanha, onde encenei, no festival
de teatro em Sitges, poemas do Eu te amo e suas estréias, descubro que o
jornal La Vangardia disse que o público levava a impressão de ter me
encontrado muito à vontade na sala de minha casa. Tais palavras do
periódico me inspiraram a bolar um espetáculo que brindasse as estreias
cotidianas e em que o público me encontrasse dentro de uma banheira como
a começar um novo dia.

Escolhi uns poemas que traduzissem estas
intenções, levantei cenas para melhor ilustrá-los, improvisaria textos
para bordar o caminho de um poema a outro, a fim de desenhar as costuras
e pronto. Lá fui eu e meu precioso amigo Davi Miguel, que foi o
primeiro produtor da peça, a abrir as cortinas do teatro numa
terça-feira em que um infortúnio fazia com que uma espécie de terror
bandido fechasse a cidade e, por conta disso, só catorze pessoas
ocupavam o espaço de seiscentos lugares. No entanto, o que se deu nas
sessões seguintes fora a multiplicação da plateia, como um milagre. E
nunca mais parei.

Oito anos depois, o que se vê é um público que
não cessa de crescer, formando um extenso e interminável boca a boca.
Tem sempre alguém perguntando quando é que a peça vai voltar para esta
ou aquela cidade. Muitos repetiram mais de uma dezena de vezes a
“experiência”. Falo experiência porque assim o é para mim também. Desde
sua primeira estreia, esta peça já foi tantas, por dentro e por fora!
Mudaram seus bastidores, seus trabalhadores detrás dos panos, e não
cessa de girar mais e mais o mutante contexto: mudo poema, invento ou
conheço histórias novas de onde brotam novas cenas.

Como um
mosaico ou um quebra-cabeças, diversificados formatos e ordens variadas
compõem a história deste espetáculo. Não para, não se repete e acho que é
esse um dos principais motivos pelos quais o público vem ver de novo.
Quer verificar o que é fixo, o que é improviso, o que faz parte sempre
do enredo e o que estou inventado na hora. No hall do teatro dispomos
uns cadernos onde o público deixa suas impressões. É curioso o arsenal
de confissões
deixado ali. Domésticas histórias confirmam, por
escrito, o que me é oferecido em gargalhadas, lágrimas, ovações. Os
depoimentos desfilam relatos daquela experiência teatral na vida das
pessoas.

Daquele faz de conta que as revela. Há ainda os que
foram ver a peça saídos de sessões quimioterápicas, dezenas afirmam que o
espetáculo é uma espécie de psicanálise selvagem. Outros disseram que
até da gripe ficaram curados ali, no escuro do teatro. Mistério da arte.
O que é verdade é que a todo instante nosso sonho é posto à prova. E,
ainda escutamos a voz de Guimarães Rosa a soprar em nossos ouvidos que o
que a vida quer da gente é coragem, nem sempre estamos disponíveis ou
fortes para tanto.

Cada um sabe onde lateja seu desamparo.
Talvez, através da brincadeira e do riso, pelas mãos da emoção e pelas
conclusões da inteligência do público, os conteúdos do Parem
potencializem esta coragem de seguir avante e reenergizem nossa oficina
de desejos. Nesta dinâmica interativa, muitos novos conhecimentos me
foram transmitidos pelo público ao se ver retratado com igualdade no
palco. Me agrada que a arte sirva para esclarecimentos do mesmo mundo. É
sua maior serventia.

Um ano ou mais depois de ter estreado,
Geovana Pires, ilustre presença nos bastidores deste processo, sem a
qual, de muitas iluminações ele teria ficado órfão, lançara, sem querer,
a semente deste livro de agora. Foi ela quem perguntou, depois de
assistir a praticamente todas as sessões da primeira temporada, onde
estava o texto, porque gostaria de marcar ali quantas personagens eu
vivia em cena, uma vez que não dispunha desta resposta. Disse-lhe que
nunca houvera texto escrito neste caso, que o mesmo nascera no palco,
falado, vivo, oral.

E assim como a vida, também nunca tivera
ensaio. Não tinha texto fixo: todo dia eu dizia de uma maneira diferente
a mesma essência. Cuidadosa, Geovana, então minha aluna e jovem
estudante de teatro, com afeto e dedicada paciência transcreveu toda
aquela dramaturgia a escutar uma fita cassete. Embora seja aos olhos de
hoje obsoleto o método, era o que havia de registro ali. Depois desse
valio so trabalho e resolvidas nossas dúvidas da época, Geo virou
assistente
de direção e passou a ser, de fora, o fundamental olhar do espetáculo para mim.

Desculpe-me
chatear-lhe com estes detalhes, mas é para o caso de alguém querer
saber como tudo começou, e só o faço aqui sem cerimônia, porque sei que
lhe está assegurado o direito de não me ler caso não queira. O Parem em
versão livro começou a nascer no palco da peça que o gerou. Numa das
cenas com a plateia, acabei por conhecer um rapaz do público, o Bruno,
que me disse estar ali a serviço de um editor interessado em publicar o
texto. Para encurtar a conversa, o nome do homem é Pedro Almeida e virou
mesmo meu editor. O negócio ficou animado e o que eu pensei que seria
fácil revelou-se um hercúleo trabalho.

Não sabia, àquela altura, que este seria meu mais difícil livro. Não cheguei a sofrer porque não sofro para escrever, não
me
custa e é, em verdade, um antídoto para o que me pretende molestar. Mas
os livros anteriores já me saíram como literatura. Tratei-os desde
sempre assim. Aqui a prática nasceu antes da teoria. De todas as obras
incompletas (sou das que às vezes acha que a incompletude é da natureza
das obras), esta me parece a mais flagrante. Senão vejamos: nunca mais
voltamos ao texto a não ser agora, quando preparo para a LeYa esta
versão.

Mais que recolher o que nascera encenado sob ribaltas,
focos, cenário, música, comunicação direta, risos e lágrimas, ações e
reações da comédia e do drama e transformá-lo em escrito, o resultado
alcançado aqui teve que se assumir como uma obra aberta e em progresso.
Olho este livro como uma grande conversa que também se transforma a cada
momento, mesmo escrita, uma vez que é no coração de cada um
separadamente que a literatura costuma fazer o seu silencioso e
emocional serviço.

Foi porque percebi que havia um fino véu
envolvendo o óbvio para que não víssemos o mistério de seu processo é
que começou essa brincadeira séria de retirar seus véus e descobrir o
novo no varejo. A poesia está entrelaçada em minha vida desde que era
pequena e está aqui entremeada nesse apanhado de flagrantes que o Parem
é. Uma colcha de retalhos bordada de personagens tão comuns pescados do
mar do cotidiano, que parece coisa inventada. Mas este oceano de
trivialidades pede nomes, riquíssimo mar, sem o qual nenhum romance
seria possível.

Ninguém escapa do cotidiano como ambiente e
cenário nos quais habitam cenas simples e antológicas de nascimento,
crescimento, convívio e morte. Com o tempo, foi ficando cada vez mais
claro para mim como nossa vida parece uma grande ficção se a olharmos
pelas lentes da realidade com os sentidos a postos. Este grande filme de
cenas reais é uma peça que parece com a vida assim como a vida parece
uma peça. O conhecimento, como tudo, não é estático. E o danado deste
assunto só fazia aumentar em meus pensamentos.

Enquanto no
teatro meu dilema era como diminuir e alternar passagens e episódios a
fim de reduzir as costumeiras quase três horas, aqui me livro de todas
ao mesmo tempo. Não desejo que meus pensamentos tenham razão sobre a
razão de ninguém. Aprende-se na diferença de opiniões e saberes e, como
em qualquer comunidade virtual, estamos aqui postando pensamentos na
rede. Refletir sobre as necessidades, os motivos, as ações e sobre a
qualidade do texto de nosso sujeito, do personagem central da nossa
trama, é um direito garantido pelo sonho ao sonhador. Nunca um dia
passara sem que algo me fosse pela vida ensinado.

Nem sempre boa
aluna, muita coisa deixei escapar, mas não desperdiçaria no meu enredo o
presente deste presente de agora, por exemplo. Creia-me, escrevo neste
iluminado dia em que aprendi que o líquido amniótico tem som de mar, e a
placenta, música de vento! Fiquei chocada, comecei a chorar. Existem
coisas que aparentemente não querem dizer nada, mas fazem muito sentido.
Mais que isso, foi me dada a honra de limpar e trocar a primeira fralda
de um homem de amanhã! O neném que eu hoje cuidei.

Um dia
também fui um e, independente do meu saber, o gesto completa a ciranda.
Salve, salve o menino que ao nascer na chuvosa noite de hoje faz deste
livro seu irmão e confirma o lugar de mestre que a criança ocupa no
cinema realidade da minha vida e sem a qual muitas verdades
inocentemente desconcertantes não seriam ditas aqui. Precisou este
príncipe Gabriel nascer perto do meu núcleo, vizinho de minha rua, trama
do meu crochê, elemento de meu percurso, traço do meu mapa, para que eu
soubesse desta ancestral verdade dos sons do planeta ventre!

Esta
novidade antiga ressignificara a concha do mar para mim a guardar esse
conhecidíssimo murmúrio que há tantos anos me garante a mesma melodia,
que acalma, aconselha e aquieta a alma. E digo mais, o menino cheirava à
maresia. Verdade. Não era ficção. Fui eu que vivi. Posso falar, faço o
papel da madrinha! Isso pode até parecer mentira, pois “fica meio
inventado pegar com o nome a medula das coisas”, diz Adélia Prado. Mas é
assim, nomeando, que nos
contamos uns aos outros, comungando
prazeres e penas. Na dança das carapuças nos identificamos com pessoas e
fatos de histórias, fábulas, ficções.

Mas o homem antecede a
lenda. Para inventá-la é que ele nasceu antes. Escutei num filme que uma
obra de arte nos lembra e explica quem somos agora. Ou seja, à sua
maneira, todo horror e toda beleza podem nos ler. Tudo diz de nós. Até
um pôr do sol, uma lágrima, um livro. E cada vez que à mesma obra somos
expostos, já somos outros e por isso a obra é outra também. Veja bem, ao
formar plateia num espetáculo em horário alternativo, num teatro de
centenas de lugares, com um texto poético, monólogo com mais de duas
horas que conquistou a todos, sem excluir os populares, o Parem
desmoraliza muitos pré-conceitos.

E apesar de sua forte presença
poética, muito me honra que tenha sido o primeiro teatro de muita
gente. Isso pode provar mais uma vez que o povo quer consideração e,
romântico, consome poesia como saboreia o pão. “Eu escrevo para a Maria
de Todo Dia, eu escrevo para o João Cara de pão”, assim diz seu
Quintana. E eu o acompanho. Não quero escrever nem representar para uma
só espécie de grupo ou gueto. Me dedico sem reservas para que minha
palavra seja entendida. Nela estou e vou.

Eis um livro nascido
de um improviso do palco. Foi construído sem intenção de virar escritura
este que é uma conversa sem fim, viva e experimentada com públicos
variadíssimos de tribos, “camadas” sociais e idades diferentes, durante
quase uma década. Eu mesma custei a entender isso. Foi difícil
preservá-la como conversa e terminá-la como livro. Até que pudesse
compreender enfim que era possível apenas interrompê-la. O Parem é uma
reflexão em voz alta sobre algumas cenas do espetáculo de existir, em
que uma folha seca caindo no canto da paisagem tem tanta importância
quanto um gargalhadinha de um bebê, um beijo, uma palavra ou um crime.
Tudo se aproveita neste filme; até o “mau exemplo”.

E tanto
viver nos remete à ficção que não nos foi difícil escolher títulos de
cinema, TV, teatro e literatura para nomear capítulos e subtítulos das
cenas deste livro. Os pensamentos daqui são abertos porque é da natureza
livre dos pensamentos serem abertos, é condição do que voa. Amanhã
muita coisa daqui já saberei melhor e diferente. De outras, discordarei
talvez. Uma nova ideia ou descoberta pode desintegrar algumas certezas e
fortalecer o que hoje
apenas suponho e chamo de dúvida. Reunidas as
versões de tantas temporadas, seu conceito se confirma, mas o assunto
não se esgota.

Mutante que sempre foi (pois quem afirma que a
rotina é palco de estreias deve dar o exemplo), este Parem é um trem que
não para desde que partiu. Que a viagem por esta singela janela sobre
trilhos e envolta em diversos cenários e paisagens lhe sirva de algum
modo, nem que seja só para apresentar à mesa o tema. O que chamamos de
rotina que também atende pelo nome vida, todo dia nos ensina com sua
incessante mutação. Como hoje o fez o céu ao me ensinar a canção do dia
nublado em que nascera mais um menino no mundo e este livro. Generoso o
céu pertence a todos e a cada um separadamente também.

Por achar
que é bom pilotar os vagões dos dias pensando assim, quis compartilhar
com meus leitores - grande elenco com quem contraceno e falo - o
democrático entretenimento, ao alcance de todos. Creio, não será a
primeira vez que brincaremos, adultos que somos, de possíveis utopias. O
que sei dizer é que tudo o que ocorre no mundo ecoa no meu coração,
curioso aprendiz. Por isso, dor ou amor, guerra ou beleza, medo ou paz,
tudo que peço das coisas que me circundam, beijam ou firam, tudo o que
peço ao céus a toda hora e quase sem saber, é: Ah, professora dona Vida,
ensina-me a viver.

Rio de Janeiro, 27 de setembro das crianças,
mimosa primavera de 2010
elisa lucinda

Um comentário:

Fazdiferença? disse...

Essa semana li a respeito desse livro e de cara fiquei interessada! Provavelmente por amar a rotina, desde, é claro, que ela nos dê espaços para fugirmos da mesma uma vez ou outra perdida! XD