Quem sou eu

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Santa Cruz do Capibaribe/ Caruaru, NE/PE, Brazil
Posso ser séria, brincalhona, distraída, chata, abusada, legal,ótima, travosa (como diz um grande amigo) isso depende de você, de mim, do dia ou da situação. Quer mesmo saber quem sou eu? Precisa de mais proximidade. Gosto de ler e escrever, embora nem sempre tenha tempo suficiente para tais práticas. Gosto de tanta coisa e de tantas pessoas que não caberiam aqui se a elas fosse me referir uma por uma. Acho a vida um belo espetáculo sem ensaios onde passeamos dia a dia a procura da felicidade. Para falar mais de mim profissionalmente: Sou professora. Graduada em Letras-FAFICA. Atualmente estudo sobre Leitura Literária no Ensino Fundamental. Atuo no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Um pouco de silêncio - Lya Luft (In: Pensar é Transgredir)




UM POUCO DE SILÊNCIO – LYA LUFT

Nesta trepidante cultura nossa, de agitação e do barulho, gostar de sossego e uma excentricidade. Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos uma infinidade de obrigações. Muitas desnecessárias, outras impossíveis, algumas que não combinam conosco nem nos interessam.
Não ha perdão nem anistia aos que ficam de fora da ciranda: os que não se submetem mas questionam, os que pagam o preço da sua relativa autonomia, os que não se deixam escravizar, pelo menos sem alguma resistência.
O normal e ser atualizado, produtivo e bem informado. E indispensável circular, estar enturmado. Quem não corre com a manada praticamente nem existe, se não se cuidar botam numa jaula: um animal estranho.
Acuados pelo relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia, disparamos sem rumo - ou em trilhas determinadas - feito hamsters que se alimentam de sua própria agitação.
Ficar sossegado e perigoso: pode parecer doença. Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo, ameaça quem leva um susto cada vez que examina sua alma.
Estar sozinho e considerado humilhante, sinal de que não se arrumou ninguém - como se amizade e amor se "arrumasse" em loja.
Alem do desgosto pela solidão, temos horror a quietude. Logo pensamos em depressão: quem sabe terapia e antidepressivos?
O silencio nos assusta por retumbar no vazio dentro de nos. Quando nada se move nem faz barulhos, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas incômodas e mal resolvidas, ou se enxerga outro angulo de nos mesmos. Nos damos conta de que não somos apenas figurinhas atarantadas correndo entre casa, trabalho e bar, praia ou campo.
Existe em nos, geralmente nem percebido e nada valorizado, algo alem desse que paga contas,transa, ganha dinheiro, e come, envelhece, e um dia (mas isso e so para os outros!) vai morrer.
Quem e esse que afinal sou eu? Quais seus desejos e medos, seus projetos e sonhos?
No susto que essa ideia provoca queremos ruídos, ruídos. Chegamos em casa e ligamos a televisão antes de largar a bolsa ou pasta.Não e para assistir um programa: e pela distração.
Silencio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo a tona sabe Deus que desconcerto nosso. Com medo de ver quem- ou o que - somos, adia-se o defrontamento com nossa alma sem máscaras.
Mas, se agente aprende a gostar um pouco do sossego, descobre- em si e no outro- regiões nem imaginadas, questões fascinantes e não necessariamente ruins.
Nunca esqueci a experiência de quando alguém botou a mão em meu ombro de criança e disse:
- Fica quietinha, um momento só, escuta chuva chegando.
E ela chegou, intensa e lenta, tornando tudo singularmente novo. A quietude pode ser como essa chuva: nela agente se refaz para voltar mais inteiro ao convívio, as tantas frases, as tarefas, aos amores.
Então por favor, me dêem isso: um pouco de silencio bom para que eu escute o vento nas folhas, a chuva nas lajes, e tudo o que fala muito alem das palavras de todos os textos e da musica de todos os sentimentos.


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