Quem sou eu

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Posso ser séria, brincalhona, distraída, chata, abusada, legal,ótima, travosa (como diz um grande amigo) isso depende de você, de mim, do dia ou da situação. Quer mesmo saber quem sou eu? Precisa de mais proximidade. Gosto de ler e escrever, embora nem sempre tenha tempo suficiente para tais práticas. Gosto de tanta coisa e de tantas pessoas que não caberiam aqui se a elas fosse me referir uma por uma. Acho a vida um belo espetáculo sem ensaios onde passeamos dia a dia a procura da felicidade. Para falar mais de mim profissionalmente: Sou professora. Graduada em Letras-FAFICA. Atualmente estudo sobre Leitura Literária no Ensino Fundamental. Atuo no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

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sábado, 21 de abril de 2012

Chico canta o seu momento com palavras exatas

Escrito por Schneider Carpeggiani   
Sex, 20 de Abril de 2012 12:08

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Chico não é apenas o substantivo solitário e descarnado que batiza os novos álbum e turnê de Chico Buarque. Parece ser também a essência do momento em que vive o homem, ao menos artisticamente.  Não há entrevistas de divulgação, “boa noite”, explicações, nenhuma sombra do demarcar de identidade de um voyeur, como na sua fase Carioca, ou cenários elaborados a ornamentar o show. Apenas uma iluminação precisa, uma banda em semi-círculo e ele ao centro, desta vez sem aparentar o desconforto de alguém exposto a uma plateia de súditos. Chico apenas sorri e oferece o mapa da cara de quem soube decifrar as histórias pública e privada do seu país.

Talvez ao tirar os excessos e se reduzir ao mínimo,o artista esteja mais confessional que nunca. Chico retrata apenas o que lhe interessa. E pronto. A escolha do repertório diz mais que qualquer discurso. Na nova turnê, sua fase política é descartada quase por completo. A exceção é Cálice - agora inserida numa sociedade que fala muito para dizer quase nada -, que se transforma numa outra coisa: a incômoda sensação de assombro diante desse porre homérico no mundo.

Sua fase atual é mesmo sobre lidar com assombros. O álbum Chico encara com antagônicas doses de sofreguidão e conformismo a passagem do tempo, a velhice, suas descobertas e limitações, buscando encontrar algum equilíbrio em meio aos novos ganhos e perdas. A escolha de Velho Francisco para abrir o show diz muito. “Já não lembro de nada/ Vida veio e me levou”, diz a letra, cantada por um Chico ainda soterrado pela histeria do Teatro Guararapes lotado.

Sua relação com a idade tematiza quase todas as novas canções: Se eu soubesse, Tipo um baião e Essa pequena, que emociona apesar do surrado tema sobre a relação entre amantes de gerações diferentes. Quando enfatiza o trecho “take your time” da letra, parece ironicamente nos lembrar de que, apesar de implacável, o tempo ainda pode ser tomado. Sim, Chico, o tempo não existe.

Se já virou um clichê enfatizar o quanto seu repertório ganha com intérpretes hipnotizados pelo teor dramático das suas canções, no novo show Chico nos mostra que também é importante dizer as palavras exatas e não apenas atuá-las. É o caso da perfeita sequência de Sem você 2 e Bastidores (aquela mesma que Cauby Peixoto tomou por seu RG). Se a primeira traz a constatação de um rompimento sem estrada de volta; a segunda, cantada sem gritos, paetês e choros, nos faz crer que é preciso continuar no palco, ainda que sem o tom certo, afinal (teoricamente) ninguém pode contar sua história melhor que você mesmo. E essa parece ser a lição de um homem (agora) interessado apenas em seu olhar sobre si mesmo.

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