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Posso ser séria, brincalhona, distraída, chata, abusada, legal,ótima, travosa (como diz um grande amigo) isso depende de você, de mim, do dia ou da situação. Quer mesmo saber quem sou eu? Precisa de mais proximidade. Gosto de ler e escrever, embora nem sempre tenha tempo suficiente para tais práticas. Gosto de tanta coisa e de tantas pessoas que não caberiam aqui se a elas fosse me referir uma por uma. Acho a vida um belo espetáculo sem ensaios onde passeamos dia a dia a procura da felicidade. Para falar mais de mim profissionalmente: Sou professora. Graduada em Letras-FAFICA. Atualmente estudo sobre Leitura Literária no Ensino Fundamental. Atuo no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

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domingo, 10 de abril de 2011

Cartas a um Jovem Poeta, de Rainer Maria Rilke


Entre 1903 e 1908 Rainer Maria Rilke, poeta nascido em Praga, na República Tcheca, escreve uma série de dez cartas dirigidas ao jovem Frans Xaver Kappus. Nelas estão contidas desde apreciações e conselhos acerca do estilo literário de um poeta até descrições momentâneas de mistérios e contemplação. Todavia, não é fácil “abraçar” – explicar – a poesia de Rilke. Por quê? Porque as “razões” do amor, da ternura, da coragem, da necessidade de escrever, da beleza, dos mistérios da solidão e do “entesourar” contínuo – eterno – dos amantes que se encontram não são tão claros como gostaríamos que fossem, “[...] em última análise, é precisamente nas coisas mais profundas e importântes que estamos indizivelmente sós [...]”, salienta Rilke na primeira carta endereçada ao Sr. Kappus no dia 5 de abril de 1903. Tais “coisas profundas” devem ser amadas, saboreadas e experimentadas, e elas estão contidas em “mundos” que se abrem e se fecham – livros – no horizonte de nossos olhos: “Um mundo se abrirá aos seus olhos: a felicidade, a riqueza, a inconcebível grandeza de um mundo. Viva nesses livros um momento, aprenda neles o que lhe parecer digno de ser aprendido, mas, antes de tudo, ame-os”. Os livros podem ser amados, saboreados e, desta maneira, os “mundos” se abrem.

Rilke é um daqueles autores que perfumam a vida e enche o coração de amor. Quem lê sente saudade e, por este motivo, sempre volta: é como um perfume, um cheiro bom, que o sabemos ser maravilhoso, mas o saber impulsiona, necessariamente, a senti-lo mais uma vez. A cada leitura uma nova claridade, um parto, um espanto, mas não um simples espanto que vem e logo vai, mas trata-se do espanto dos apaixonados: não cessa. Os embriagados de amor perceberão uma reciprocidade enorme ao ler as Cartas a um Jovem Poeta. Penso naquele amor verdadeiro que toma o coração e arrasta a alma, amor este que aproxima os corpos, faz os amantes trocarem olhares, sobressaltarem de alegria, risos, e correrem pelos campos ou andarem devagarzinho de braços entrelaçados no silêncio da noite. Estes são os amantes que se encontram na mais profunda solidão. “É bom estar só, porque a solidão é difícil”. Ora, talvez, o amor verdadeiro não seria o encontro de duas solidões? Rilke é claro quando fala da dificuldade das coisas difíceis: “Amar também é bom: porque o amor é difícil. O amor de duas criaturas humanas talvez seja a tarefa mais difícil que nos foi imposta, a maior e última prova, a obra para a qual todas as outras são apenas uma preparação”. Desta maneira, o amor seria uma forma de amadurecer, tornar-se um mundo para si, entretanto, salienta Rilke: “Os homens, com o auxílio das convenções, resolveram tudo facilmente e pelo lado mais fácil da facilidade [...]”. As convenções sociais, os chavões socialmente estabelecidos, os comportamentos pré-estabelecidos e as barganhas no amor ganharam as manchetes: “Nenhum terreno da experiência humana é tão cheio de convenções como este”. Tornar um mundo para si, dirá Rilke, no encontro com um outro ser é sublime e divino.

O momento de nossa vida que lemos as Cartas a um Jovem Poeta fica marcado, impresso no coração palpitante do leitor apaixonado. Viva Rainer Maria Rilke!…o poeta encantado do maravilhoso amor.

RILKE, Rainer Maria. Cartas a um Jovem Poeta. Trad. Paulo Rónai. 10. ed. Porto Alegre: Editora Globo, 1980.

Andrei Venturini Martins

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