Quem sou eu

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Santa Cruz do Capibaribe/ Caruaru, NE/PE, Brazil
Posso ser séria, brincalhona, distraída, chata, abusada, legal,ótima, travosa (como diz um grande amigo) isso depende de você, de mim, do dia ou da situação. Quer mesmo saber quem sou eu? Precisa de mais proximidade. Gosto de ler e escrever, embora nem sempre tenha tempo suficiente para tais práticas. Gosto de tanta coisa e de tantas pessoas que não caberiam aqui se a elas fosse me referir uma por uma. Acho a vida um belo espetáculo sem ensaios onde passeamos dia a dia a procura da felicidade. Para falar mais de mim profissionalmente: Sou professora. Graduada em Letras-FAFICA. Atualmente estudo sobre Leitura Literária no Ensino Fundamental. Atuo no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

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sábado, 1 de outubro de 2011

6º ENCONTRO LITERÁRIO da UESCC aconteceu hoje


No 6º Encontro Literário promovido pela UESCC (União dos Estudantes de Santa Cruz do Capibaribe) muitos convidados novos e que comungam do prazer da leitura, da escrita. Poetas jovens, alguns mais maduros. Discussões sobre a escrita, etc. Tudo num clima agradabilíssimo. Evento que merece muitas e muitas outras edições. Espaço para que possamos compartilhar, apreciar, ler, reler, ouvir, discutir, nos emocionar com a literatura.

Vários textos foram lidos, de autores diversos, inclusive de autoria própria.

Abaixo estão alguns dos textos que levei. Obviamente não foram os únicos do encontro e que bom.

Então aproveitem e sintam um pouco o gostinho de quero mais.

Até a próxima edição!

PALAVRA CORPO

CHACAL

a palavra vive no papel
com vírgulas hífens crases reticências
leva uma vida reclusa de carmelita decalça

corpo palavra

o corpo aprender a ler na rua
com manchetes de jornais
jogadas na cara pelo vento
com gírias palavrões
zoando no ouvido
com gritos sussurros
impressos na pele

palavra corpo

a palavra quer sair de si
a palavra quer cair no mundo
a palavra quer soar por aí
a palavra quer ir mais fundo
a palavra funda
a palavra quer
a palavra fala:
- eu quero um corpo !

corpo palavra

o corpo sabe letras com gosto
de carne osso unha e gente
o corpo lê nas entrelinhas
o corpo conhece os sinais
o corpo não mente
o corpo quer dizer o que sabe
o corpo sabe
o corpo quer
o corpo diz:
- fala palavra !!!

palavracorpo corpopalavra

Sócio do ócio

doce ociosidade
sacia minha sede de ser assim
largado no mundo caído na vida
terra mãe luz da manhã

doce sociedade ociosa sempre no cio
já aboliram a escravatura
pendure sua rede mate sua sede
de se espreguiçar

de volta ao princípio
onde o que come é comido
cru ou cozido
vou te devorar

viva nossa carne mortal
de partículas imortais
para pulsar
filhos do sol

até que se cumpra
nosso destino cósmico
sou sócio do ócio
eu sou

Chacal

PALAVRAS

(Maria Aparecida Ribeiro – Caruaru)

fecho-me

para que o mundo não me devore

e leve o resto da minha canção

no meu silêncio

protejo-me

da própria verdade

das palavras

elas insistem na minha prosa

nos meus gestos...

expressam o que sou e sinto

brincam com a minha dor

zombam do meu amor

dormem e acordam comigo

batem a minha porta

e sem pedir licença

arrastam tudo do me ser

tudo do meu sagrado...

ah! essas palavras

amigas presentes

das minhas vidas

dos meus eus

reflexos de mim.


MINHA ESCOLA ASCENSO FERREIRA


A escola que eu frequentava era cheia de grades como as prisões.
E o meu Mestre, carrancudo como um dicionário;
Complicado como as Matemáticas;
Inacessível como Os Lusíadas de Camões!

À sua porta eu estava sempre hesitante...
De um lado a vida... — A minha adorável vida de criança:
Pinhões... Papagaios... Carreiras ao sol...
Vôos de trapézio à sombra da mangueira!
Saltos da ingazeira pra dentro do rio...
Jogos de castanhas...
— O meu engenho de barro de fazer mel!

Do outro lado, aquela tortura:
"As armas e os barões assinalados!"
— Quantas orações?
— Qual é o maior rio da China?
— A 2 + 2 A B = quanto?
— Que é curvilíneo, convexo?
— Menino, venha dar sua lição de retórica!
— "Eu começo, atenienses, invocando
a proteção dos deuses do Olimpo
para os destinos da Grécia!"
— Muito bem! Isto é do grande Demóstenes!
— Agora, a de francês:
— "Quand le christianisme avait apparu sur la terre..."
— Basta
— Hoje temos sabatina...
— O argumento é a bolo!
— Qual é a distância da Terra ao Sol?
— ?!!
— Não sabe? Passe a mão à palmatória!
— Bem, amanhã quero isso de cor...

Felizmente, à boca da noite,
eu tinha uma velha que me contava histórias...
Lindas histórias do reino da Mãe-d'Água...
E me ensinava a tomar a bênção à lua nova.

VAIDADE

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo…
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho… E não sou nada!…

FLORBELA ESPANCA

FARSA

Sou uma farsante,

Uma impostora!

Caminho pela multidão

E todos são convencidos

Que estão diante de uma realidade.

Sim, sou uma farsante

E não me escondo de ninguém

Caminho tranquilamente pela multidão

Sem sequer olhar para trás

Denunciando uma possível

Desconfiança.

Não me esquivo,

Sou altiva

E não há quem me convença

Do contrário.

Se alguém me acusa

Finjo que não é comigo

E num emaranhado

Deixo as acusações

Há uma multiplicidade

Em mim:

Máscaras inconstantes

E imutáveis

Só uma coisa não finjo:

Sou uma farsante

Uma impostora.

(Conceição Gomes – 24/04/2011)

UTILIDADE PÚBLICA

A palavra é minha força!

Cantada,

Falada,

Escrita,

Ouvida,

Silenciada,

Imaginada.

A palavra me representa,

Apresenta-me.

É minha expressão,

Meu grito,

Minha indignação

Nem sempre ouvida,

Nem sempre aceita,

Nem sempre entendida,

Mas é a minha palavra.

A palavra é minha vida!

E entre mil delas, perdida

Encontro-me com voz ativa

Para dizer quem sou

E a que vim.

A palavra não cala,

E se cala,

Se preciso for,

É para dizer

Que entre as lacunas do silêncio

Cabem palavras mil

E mil palavras

Que digam,

Incitam...

A palavra é minha alma!

E muitas vezes

Mesmo em silêncio

Contemplando o de dentro e o de fora

Das palavras,

Elas saltitam,

Convidam.

São a senha, o código, o segredo

Para o além mar

Num mar de palavras

Em que sempre estou a mergulhar.

Conceição Gomes (11/05/2011)

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