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Posso ser séria, brincalhona, distraída, chata, abusada, legal,ótima, travosa (como diz um grande amigo) isso depende de você, de mim, do dia ou da situação. Quer mesmo saber quem sou eu? Precisa de mais proximidade. Gosto de ler e escrever, embora nem sempre tenha tempo suficiente para tais práticas. Gosto de tanta coisa e de tantas pessoas que não caberiam aqui se a elas fosse me referir uma por uma. Acho a vida um belo espetáculo sem ensaios onde passeamos dia a dia a procura da felicidade. Para falar mais de mim profissionalmente: Sou professora. Graduada em Letras-FAFICA. Atualmente estudo sobre Leitura Literária no Ensino Fundamental. Atuo no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

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sábado, 8 de outubro de 2011

Oswald de Andrade: o culpado de tudo (Exposição Temporária no Museu da Língua Portuguesa)



Periodo: de 27/09/2011 a 30/01/2012

A exposição ficará aberta à visitação pública na Sala das Exposições Temporárias do Museu da Língua Portuguesa entre 27 de setembro de 2011 e 30 de janeiro de 2012.

A frase “Direito de ser traduzido, reproduzido e deformado em todas as línguas”, escrita por Oswald em 1933 no verso da folha de rosto da edição original de Serafim Ponte Grande, é o ponto de partida da exposição e pode ser lida já no pátio de acesso ao museu.

Em Oswald de Andrade: o culpado de tudo, o público tem a oportunidade de conhecer profundamente o polêmico escritor, um dos criadores da Semana de Arte Moderna de 22. A curadoria é de José Miguel Wisnik, com curadoria-adjunta de Cacá Machado e Vadim Nikitin. Carlos Augusto Calil e Jorge Schwartz são consultores da exposição. O projeto expográfico é do arquiteto Pedro Mendes da Rocha.

Pela primeira vez o museu realiza uma exposição sobre a vida e obra de um escritor paulista e paulistano.Para o Secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo, “Oswald de Andrade é o mais paulista dos nossos escritores. Conheceu e viveu esta cidade como ninguém. Para nós, da Secretaria da Cultura, é um privilégio dar a nossa contribuição para a lembrança do escritor, um artista que revolucionou a nossa literatura e que, ao participar ativamente da criação da Semana de Arte Moderna, inseriu São Paulo no mapa mundial das artes.”

Para o curador da mostra, José Miguel Wisnik, “o projeto teve por objetivo organizar uma exposição sobre Oswald de Andrade, reforçando seu papel decisivo para a formação da cultura contemporânea e destacando a consistência de sua obra, de maneira a que a sua atualidade esteja patente sem que se perca de vista a situação histórica em que ela foi gerada.”

A mostra contempla três dimensões de leitura: poética; histórico-biográfica; e filosófica. Estas dimensões não se caracterizam como “partes” em que se divide a exposição, mas como níveis de manifestação da “vida-e-obra” que se articulam de maneira inseparável no processo expositivo.

Dimensão Poética: Não se fala estritamente de poesia, mas da poética da forma, do envolvimento com a linguagem em todos os seus aspectos. Oswald é um escritor muito próximo das artes visuais, pioneiramente consciente das implicações técnicas trazidas pela reprodutibilidade da arte, dialogando com a fotografia, o cinema, o cartaz. A exposição tem como ponto de partida os princípios formais que ele mesmo traçou no Manifesto da Poesia Pau-Brasil: agilidade, síntese, equilíbrio geômetra, acabamento técnico, invenção e surpresa.

A condensação do pensamento em frases e boutades, a verve anedótica, a paródia, o fragmento, o design, o reclame, a espacialização das palavras na página, são, todos, procedimentos de economia verbal,altamente visualizáveis, de cuja agilidade dessacralizante a exposição não fica a dever.


Dimensão Histórico-biográfica: Poucos escritores têm, como Oswald, uma biografia que é também um diagrama de seu tempo. O jovem burguês viajante boêmio acompanhando “in loco” os movimentos da vanguarda europeia nos anos 10; o artífice do movimento modernista e agitador antropofágico, poeta e autor de narrativas experimentais na década de 20; o dilapidador de fortuna arruinado pela crise de 29, militante comunista editando O Homem do Povo, “casaca de ferro da Revolução Proletária”, escrevendo romance cíclico e teatro cáustico na década de 30; o intelectual em ruptura com a ortodoxia estalinista, retomando a vertente utópica do seu pensamento em textos de fôlego discursivo e filosofante, nos anos 40, e condenado ao ostracismo na fase final, até a morte em 1954, são figuras gritantes dos grandes temas ideológicos da primeira metade do século XX, indo da “belle époque” ao segundo pós-guerra.

Duplas criativas, formadas a cada momento entre Oswald e Mário de Andrade, Oswald e Tarsila do Amaral, Oswald e Blaise Cendrars, Oswald e Pagu, Oswald e Flavio de Carvalho, são significativas dos trânsitos culturais envolvidos, e são objeto de tratamento expositivo. Os espaços do hotel, do automóvel, da garçonnière, do navio, da ferrovia e da estação de trem, sempre em forte ligação com a cidade São Paulo, e redobrados pela própria inserção do Museu da Língua na Estação da Luz, têm um valor decisivo para a concepção espacial da exposição.


Dimensão Filosófica: Oswald de Andrade é um pensador original da cultura contemporânea e da inserção original do Brasil nesse quadro. A exposição se contrapõe a toda e qualquer visão epidérmica desse pensamento, ressaltando o que há de rigoroso e radical nos seus critérios, mesmo quando sob a forma do epigrama, que Oswald leva a consequências inéditas.A influência marcante do autor a partir dos anos 60, graças às intervenções fortes da poesia concreta, do Teatro Oficina e do movimento tropicalista, pode ser entendida também pelo que havia de antecipatório em suas ideias: questões como as do sentimento órfico contra o produtivismo prometeico encontram-se depois no Eros e civilização de Herbert Marcuse; a ideia da revolução sexual e da utopia do matriarcado se vê em Wilheim Reich; o primitivismo tecnológico pode ser reconhecido na “aldeia global” de MacLuhan.

O percurso da exposição


Considerando a forte relação de Oswald de Andrade com a cidade de São Paulo e suas questões, o projeto expográfico de Pedro Mendes da Rocha propõe um diálogo entre a exposição (espaço interno) e a cidade (espaço externo),assim,as paredes da Sala das Exposições Temporárias foram todas pintadas de branco e os tapumes que fechavam as janelas do espaço foram retirados permitindo que a paisagem urbana, contemplada pelas janelas do edifício, assuma protagonismo. À direita, o visitante pode ver o Jardim da Luz e, à esquerda, a gare da Estação da Luz. Uma luz “tropical” permeia todo o espaço expositivo.

Módulos


As Quatro Gares

Painéis ilustrados retirados do poema As quatro gares introduzem o visitante à exposição.Na parte posterior deste mesmos painéis estão as quatro fases da vida e obra de Oswald de Andrade: boemia; vanguarda;revolução; e utopia.

As Mulheres

Este módulo faz uma contraposição do patriarcado paulista com o matriarcado de Oswald, do qual as mulheres compõem uma maravilhosa galeria. Etiquetas informam os nomes de cada uma e brevíssimos resumos da relação delas com Oswald.No centro da instalação a escultura Deisi, de Victor Brecheret.


Semana de Arte Moderna e Pau Brasil

Os dois módulos estão um de frente para o outro.No módulo Semana de Arte Moderna de 1922 o visitante poderá conhecer uma série de afirmações do próprio Oswald sobre o importantes movimento. Já no módulo Pau Brasil,além do autor,o visitante constatará as ilustres presenças de Paulo Prado, Tarsila do Amaral e Blaise Cendrars. Nesta área expositiva o “Manifesto Pau Brasil” está gravado em um dos painéis.


Descoberta do Brasil

No centro deste módulo, uma nota antiga de mil Cruzeiros com a figura de Pedro Álvares Cabral carimbada com o título da exposição “O culpado de tudo”, obra do artista plástico Cildo Meirelles. Neste módulo estão em evidência as cenas da colonização: descoberta; catequese; escravidão; Zé Pereira; o bumbo do carnaval; Gonçalves Dias ;o indianismo romântico; o engenho do açúcar cozinhando escravos; e o próprio carnaval. Uma alegoria das culturas e “descobertas” do país.


Praça da Apoteose

Como no Carnaval, vários temas e alegorias se misturam e circulam por esta área expositiva:


Finanças: Crack (Crise do café) – Imagens da crise de 1929;
Manifesto Antropófago ;.
Traição de Classe,fonte: “João Miramar” / “Serafim Ponte Grande”;
Traição de Classe,fonte: “O Homem do Povo”;
MariOswald ,contraponto das duas personalidades: Oswald e Mário de Andrade;
Totem & Tabu;
Pós Oswald , o legado de Oswald nas gerações seguintes;
Antena da Raça, Oswald pressentindo o futuro;e
A antropofagia do diretor Zé Celso, do Teatro Oficina e da Tropicália.


Ainda neste módulo, o visitante poderá deixar registrada sua visita e suas impressões em um ambiente que recria cenograficamente a “garçonnière” onde Oswald produziu O perfeito cozinheiro das almas deste mundo, diário coletivo no qual os amigos do autor escreviam poemas e recados.


Língua Pátria

O corredor de saída da exposição,com vistas para o Jardim da Luz, apresenta poemas e textos estrategicamente colocados e reproduzidos de modo a aproximar mais ainda as ruas e vielas da cidade do museu .


Banheiro

Nos banheiros da Sala das Exposições Temporárias uma divertida e poética seleção de frases ligeiramente pornográficas de Oswald. Aos mais sensíveis e pudicos, o museu recomenda o uso dos banheiros instalados no segundo andar.



Frases emblemáticas do autor como “Tupi ou not Tupi, that is the Question” permeiam toda a mostra,circulando lentamente por todo o espaço expositivo , em um movimento lento... circular... contínuo.


Oswald de Andrade: o culpado de tudo ficará em cartaz até 30 de janeiro de 2012.


Ficha técnica da exposição:


Curadoria Geral: José Miguel Wisnik
Curadoria-Adjunta: Cacá Machado e Vadim Nikitin
Consultoria: Jorge Schwartz e Carlos Augusto Machado Calil
Produção executiva: Ana Helena Curti e Fernando Lion
Projeto Expográfico: Pedro Mendes da Rocha
Direção de Arte: Laura Vinci

Realização: Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, Museu da Língua Portuguesa,
Parceria: Editora Globo

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