Quem sou eu

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Posso ser séria, brincalhona, distraída, chata, abusada, legal,ótima, travosa (como diz um grande amigo) isso depende de você, de mim, do dia ou da situação. Quer mesmo saber quem sou eu? Precisa de mais proximidade. Gosto de ler e escrever, embora nem sempre tenha tempo suficiente para tais práticas. Gosto de tanta coisa e de tantas pessoas que não caberiam aqui se a elas fosse me referir uma por uma. Acho a vida um belo espetáculo sem ensaios onde passeamos dia a dia a procura da felicidade. Para falar mais de mim profissionalmente: Sou professora. Graduada em Letras-FAFICA. Atualmente estudo sobre Leitura Literária no Ensino Fundamental. Atuo no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

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sábado, 8 de outubro de 2011

AS ESPERTEZAS DE JOÃO GRILO E OS LESOS DE TAPEROÁ


Essa foi uma de nossas apresentações durante a formação em Garanhuns

Cordel escrito por Rafael Monteiro (Rafa)

Livre interferência em formato de cordel na obra clássica “O auto da Compadecida”, do escritor paraibano Ariano Suassuna. Neste cordel utilizam-se todas as licenças poéticas cabíveis e em nenhum momento intenta-se descontextualizar a peça original, servindo apenas como uma releitura da obra, criando outra a partir de uma já existente.

Na vida do mais pobre

O que conta é a esperteza

Tudo se dá um jeito

Pra comida por na mesa

Seja ludibriar o sagrado

Que de sacro é o mais profano

Dando sempre seu jeitinho

De levar por baixo dos pano

Uma defunta cachorra

Da cachorra do padeiro

Vira do Major Antonio Morais

Dos mais poderosos o primeiro

Abençoa a coitadinha

Ela é nobre de coração

Seguia romaria de fiéis

Deixando pro padre em testemunho

Dez conto de réis

Sua alma encomendada

Deve ser em latim

Em meio a tanta zoada

Até o bispo fez pantim

Mas com a renda partilhada

Tudo ficou certim

Sem seu bichinho preferido

Dorinha era só alarido

E pra acalmar seu coração

João Grilo muito arteiro

Ofereceu para madame

Um gato que descome dinheiro

Fez do furo do gatinho

Um porco de cofrinho

Findada três moedas

Se deu a confusão

E do desgraçado do gato

Não saía nem mais um tostão

Como um bom malazarte

Um amarelo alcoviteiro

João elaborou uma tramóia

Pra mais uma gaia do padeiro

Com mais chifres na cabeça

Que estrelas têm no céu

Fez o padeiro agradecer

Por livrar-se do papel

De homem enganado

Por ser apaixonado

De uma fêmea de bordel

João parceiro inteligente

Do apaixonado Chicó

Matutou uma idéia

Pra botar de uma vez só

A fugir sem os chinelo

Os valentes da cidade

Num desafio de truelo

Gastada essa valentia

Chicó se assumiria

Como o covarde-mór

Senão fosse uma bexiga de sangue

E uma peixeirada só

E uma gaita ressussitadeira

Pra tudo ficar mió

O chefe dos cangaceiros

Matador de devoção

Levaria tiro certeiro

No meio do coração

Só pra ver Padim Ciço

Conduzindo a procissão

Mas a gaita era comum

O capitão que fora leso

Dos mortos era só um

E João Grilo sobrevivente

Pulava alegremente

“Que trouxa... Peguei mais um”

Um comentário:

JOSÉ RAFAEL MONTEIRO PESSOA disse...

Fico super grato pela referência. Adoro conhecer pessoas interessantes.