
Poucos trabalhos e posições sociais podem usar o verbo "ser" de maneira tão apropriada, pois o tempo da escola invade todos os outros tempos de nossa vida. Assisti a uma entrevista esta semana onde uma atriz de teatro era questionada sobre o que ela tinha a ver com o seu personagem... Em nosso caso, como tirar a máscara de professora e de professor. Quando termina o espetáculo da docência? A máscara virou um modo de ser, e por isso essa relação de amor e ódio permeia nossa vida profissional, pois ela envereda pela nossa própria existência em momentos de euforia e cansaço.
Hoje estamos aqui para celebrar mais um dia do professor, e o que estamos celebrando mesmo?
Sabemos o que nossos governantes pensam sobre os professores, as políticas implantadas pelas Secretarias de Educação estaduais e municipais, as condições de trabalho que nos são impostas, os baixos salários pagos.
E nós o que pensamos de nós mesmos?
Uma coisa é certa, ultimamente os professores não são apenas notícias no seu dia, quase todo dia é dia do professor na mídia, nas paralisações e nos confrontos de rua, incomodando governantes, prefeitos, secretárias e revelando a falta de ética na condução do público e enfim, se afirmando como sujeitos políticos e também pedagógicos.
E nesses confrontos nós professores vamos construindo a escola possível, um pouco diferente da escola sonhada. No cotidiano nos deparamos como muitos que não acreditam no potencial da escola, pois dizem que a transformação só acontecerá com a revolução, tão utópica e distante. Portanto tenho mais dúvidas do que certezas, mas me deixo contaminar pelo momento que vivo e encontro sentido na reivenção das práticas pedagógicas e quebrando tabus mesmo sob milhares de críticas, e para acalentar as minhas inquietações perceber que outras instituições copiam nossas carteirinhas, nossa Noite de Talentos, nosso Folclore, me fazem crê que se somos incapazes de transformar o mundo, pelo menos influenciamos o nosso entorno.
Hoje tento o privilégio de estar homenageando tantos mestres de outrora, revivendo lembranças nos faz refletir nesta noite sobre o nosso próprio percurso profissional, e sobretudo, humano. Reencontrar-nos com tantos outros e outras que fizeram e fazem percursos tão idênticos, pois o magistério é uma referência onde se cruzam muitas histórias de vidas tão diversas e tão próximas. Reencontrar colegas e antigos mestres, é lembrar de projetos, greves, reuniões de transgressões pedagógicas, nas quais reinventamos o sentido para o cotidiano de nosso ofício, às vezes tão sem sentido!
Portanto faço referência a um pensamento, pois ele reflete exatamente o que sinto todos os dias da minha profissão: "Sim minha vida... houve três coisas: a impossibilidade de falar, a impossibilidade de calar e a solidão", este sentimento de impotência que quase sempre me toma nos embates do dia a dia de minha docência, mas tenho uma certeza nesta profissão tão dual: estarei sempre disposta para todos os dias de manhã acordar ir para a escola lutar para que ela seja menos injusta, menos excludente e que sempre celebre a VIDA!
Jéssyca Mônica é gestora da Escola Dr Adilson Bezerra
e educadora santacruzense
Um comentário:
BELO TEXTO DA GESTORA GÉSSICA, É COM ESSE POTENCIAL MAIS HUMANO QUE CREIO CELEBRAR PEQUENAS, MAS CERTAMENTE ALGUMAS MUDANÇAS NO CENÁRIO SOCIAL DO PAÍS. PARABÉNS!
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