Quem sou eu

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Posso ser séria, brincalhona, distraída, chata, abusada, legal,ótima, travosa (como diz um grande amigo) isso depende de você, de mim, do dia ou da situação. Quer mesmo saber quem sou eu? Precisa de mais proximidade. Gosto de ler e escrever, embora nem sempre tenha tempo suficiente para tais práticas. Gosto de tanta coisa e de tantas pessoas que não caberiam aqui se a elas fosse me referir uma por uma. Acho a vida um belo espetáculo sem ensaios onde passeamos dia a dia a procura da felicidade. Para falar mais de mim profissionalmente: Sou professora. Graduada em Letras-FAFICA. Atualmente estudo sobre Leitura Literária no Ensino Fundamental. Atuo no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

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domingo, 10 de julho de 2011

Euteamo e suas estréias - Elisa Lucinda


O espetáculo O semelhante, de Elisa Lucinda criou um novo espaço para a poesia. Viajando pelo Brasil, a poeta capixaba, debaixo das luzes dos refletores, dá voz e vida a seus versos, como faziam os antigos menestréis. Na tentativa de definir a espontaneidade, a provocação, a carga explosiva de seus versos, ficamos com a certeza de que o talento de Elisa Lucinda não fica aprisionado nos cânones clássicos da composição poética. Ela é toda emoção.O sucesso da poeta, comprovado nas anotações de sua agenda de viagem, começa a romper as fronteiras brasileiras. Em 1998, no 14º Festival de Poesia de Trois-Rivière, no Canadá, recebeu o apelido de Tornado Brasileiro. Elisa decidiu criar a Escola Lucinda de Poesia Viva. Com seus alunos, apresenta-se em diversos espaços culturais semeando a sua poesia e a de outros poetas como Manoel de Barros e Adélia Prado.O escritor Antonio Olinto classifica como "neopagãos" os versos de Elisa Lucinda, e afirma que "sua poesia é a de plena emoção, que não se pode deixar de ler ou, se a autora estiver perto, ver e ouvir". Como afirma Alice Ruiz na apresentação do livro, "hoje, sim, o ser mulher está dito... E, bem no centro... a voz lúcida de Elisa Lucinda. Corajosa, desabrida, sem-vergonha, forte e guerreira, desvendando os mistérios do pensamento e dando um banho de sentimentos. Especialmente neste EUTEAMO E SUAS ESTRÉIAS, onde todas as declarações de amor estão presentes: pelo verbo, pelo verso, pela falta, pela presença, pela parceria, pela pátria, pela verdade, pela dúvida e pela certeza, pelo tesão."

Um comentário:

Presente de Anjo disse...

Desencontros unidos por um encontro regado a Elisa Lucinda.
Esta deusa que faz da alegria do encontro uma arte; união entre sons, letras, sentimentos, sentidos.
Como falar de saudade sem lembrar Lucinda.
Como senti desejo e deixar de ler Lucinda.


DA CHEGADA DO AMOR

Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.

Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.

Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.

Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.

Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.

Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.

Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.

Sempre quis uma amor
que não se chateasse
diante das diferenças.

Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.

Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.

Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.

Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.

Sem senãos.

Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.

Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.

Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.

Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.

Sempre quis um amor não omisso
e que suas estórias me contasse.

Ah, eu sempre quis uma amor que amasse.


Poesia extraída do livro "Euteamo e suas estréias", Editora Record - Rio de Janeiro, 1999,
Elisa Lucinda